O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve cinco pessoas na semana passada, na Covilhã, por suspeita de auxílio à imigração ilegal, extorsão, falsificação, branqueamento de capitais e associação criminosa, entre outros crimes. Dois dos detidos – uma mulher de nacionalidade brasileira e um funcionário municipal – ficaram em prisão preventiva, enquanto um terceiro, subchefe da PSP em funções na esquadra da cidade, teve que pagar 20 mil euros de caução para sair em liberdade.
A “operação Estrela” decorreu na manhã do dia 14 na Covilhã, Fundão e Tortosendo e foi desencadeada no âmbito de um inquérito em curso no Ministério Público da Covilhã sobre auxílio à imigração ilegal, em que, a troco de dinheiro, eram fornecidos documentos falsos a cidadãos estrangeiros. De acordo com um comunicado do SEF, estão ainda em causa crimes de lenocínio, extorsão, abuso de poder e corrupção passiva para ato ilícito, branqueamento de capitais e associação criminosa. A operação envolveu cerca de 50 operacionais do SEF e uma equipa do Corpo de Intervenção da GNR, que apreenderam vários documentos e duas viaturas nas buscas realizadas nas residências dos suspeitos, num outro local não especificado e em várias viaturas para «produção de prova para o inquérito em curso». O SEF adiantou que a operação vai prosseguir e poderá ter mais desenvolvimentos nos próximos dias.
Segundo fonte policial contactada por O INTERIOR, a cidadã brasileira é suspeita de dirigir com o subchefe da PSP Francisco Casteleiro, de 54 anos, este esquema criminoso, que consistia, alegadamente, em extorquir dinheiro a homens que a mulher seduzia e com os quais se envolvia sexualmente. Posteriormente, ameaçava contar tudo às famílias caso não recebesse determinadas quantias, enquanto os restantes arguidos estariam encarregues de «ameaçar e assustar» as vítimas que se recusavam a pagar. As autoridades estimam que o grupo terá obtido «algumas dezenas de milhares de euros» graças a este método, o qual foi denunciado por um dos homens ludibriados. Ainda de acordo com a mesma fonte, todos integrarão uma rede que ajudava mulheres brasileiras a trabalhar em casas de alterne em Portugal, «sobretudo na região Centro», a quem vendiam falsos documentos de identificação.
Os cinco detidos foram presentes a tribunal na quinta-feira, mas o primeiro interrogatório judicial prolongou-se até ao dia seguinte. O juiz de instrução decretou a prisão preventiva da mulher brasileira, sobre a qual pendem «vários processos», e de Ricardo Madaleno, de 30 anos, pintor no departamento de obras da Câmara da Covilhã, com quem manteria uma relação amorosa. Já Francisco Casteleiro teve que pagar uma caução de 20 mil euros para regressar à liberdade, mas está proibido de se ausentar da área de residência e de contactar com os restantes arguidos – um terceiro homem e uma mulher, ambos de nacionalidade portuguesa, que vão aguardar o desenrolar do inquérito sujeitos a apresentações periódicas às autoridades. O polícia foi o único a falar à saída do tribunal, ao final da tarde de sexta-feira, declarando estar «inocente» e que tudo não passava de «uma cabala».
Entretanto, a Direção Nacional da PSP reagiu à detenção do subchefe da esquadra covilhanense, onde trabalhava na receção, revelando que o mesmo já tinha sido punido em processos disciplinares e que será alvo de novo procedimento. O porta-voz daquela entidade, Paulo Flor, citado pela agência Lusa, acrescentou que este processo «poderá ou não aguardar pelo desenrolar do processo criminal».
Luis Martins