Apesar da oferta para passar férias ser vasta, Júlia Tronco escolheu o Museu de Lanifícios, na Covilhã, para passar 15 dias diferentes neste Verão. A frequentar o 11º ano, a jovem de Valpaços estuda Ciências e Tecnologias e escolheu aquela instituição «por ser uma coisa diferente, especificamente dedicada ao tratamento museológico».
Mas Júlia Tronco não é nova nestas andanças do programa Ciência Viva, pois no ano passado resolveu ir para o Departamento de Física da Universidade de Aveiro e a experiência agradou-lhe. Desta vez procurou algo diferente e, na Internet, optou pela Covilhã. Foram 15 dias em que se dedicou a «tratar, catalogar e organizar peças, tanto em metal como em madeira». À chegada ao museu, uma surpresa: «Contava que houvesse mais gente no programa, mas sou a única», estranha. Nada que a incomode demasiado, acrescenta logo. Para Elisa Pinheiro, directora do museu, a situação «é para estranhar», até porque já vários jovens ali passaram no âmbito de outros programas. Se o facto é inédito, mais surpresa causa que nenhum estudante da Covilhã tenha aceite o desafio. «Continuo a estranhar que os alunos da cidade não venham», lamenta, considerando que «é tão importante que, durante as férias, eles entrem numa actividade que seja útil para a sua formação e para as instituições que os acolhem».
Esta actividade tem-se repetido nos últimos anos em duas vertentes. Uma está ligada ao têxtil, em que, durante oito dias, os jovens desenvolvem todo o processo desde a concepção à utilização do tecido. A outra é dedicada ao contacto com as práticas museológicas de conservação e restauro a que o museu se tem dedicado nos últimos tempos. Actualmente a instituição está a organizar as suas reservas, pelo que parte das peças tem sofrido intervenções de higienização, conservação e, nalguns casos, restauro. «Nesta fase estamos a falar de cerca de 200 peças de pequenas dimensões, mas temos mais de seis mil peças. Temos de ir fazendo uma rodagem e verificando as condições em que se encontram», adianta Elisa Pinheiro. Esta actividade agradou a Júlia Tronco, que vinha «com muita vontade de trabalhar especificamente nesta área», e foi ao encontro daquilo que são as prioridades do museu: «A nossa programação também já estava desenhada de forma a dar mais ênfase nesta altura à conservação e restauro». A directora adianta que está a criar as condições físicas e técnicas para que estas duas áreas decorram com o maior profissionalismo, mas não tendo possibilidade de contratar técnicos especializados, conta formar os funcionários do museu que fazem já esse trabalho.
