Câmara de Pinhel reclama abertura da porta sul do Parque Arqueológico do Vale do Côa e Fundação Côa Parque está recetiva à ideia e disponível para conversar.
A Fundação Côa Parque está disponível para iniciar «conversações» com a Câmara de Pinhel para a «rápida concretização» do objetivo de fazer de Cidadelhe uma «porta de entrada privilegiada» no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).
O compromisso é do presidente do Conselho Diretivo daquele organismo que gere o Museu do Côa e o parque arqueológico. «Há uma evidente a convergência de vontades», refere Bruno Navarro a O INTERIOR, adiantando que ouviu «com a maior satisfação e expetativa» as recentes declarações do presidente do município, Rui Ventura, a reclamar a abertura da porta sul do PAVC. «Desde o início das minhas funções que tenho insistido na necessidade de alargar o âmbito da atuação desta Fundação a toda a região do Vale do Côa e a todo o território que integra a área do parque – Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Mêda», acrescenta o responsável, sublinhando que esse é «um dos pressupostos» definidos no Plano Estratégico da Côa Parque para o período 2018-2022.
Citando o documento, Bruno Navarro recorda que «a responsabilidade da salvaguarda, preservação e valorização de todo o património histórico, cultural e natural deste território é transversal a toda a comunidade, a nível local, regional e nacional (…)». Esta tomada de posição surge após Rui Ventura se insurgir contra a Fundação por não abrir uma nova entrada no PAVC, na localidade de Cidadelhe, próximo da qual existe um importante núcleo de gravuras rupestres. «A Câmara já fez muito ao construir um centro de interpretação da arte rupestre do Côa, integralmente pago pelo município. Na altura, queríamos que o PAVC colocasse ali um funcionário para dar informações e encaminhar as pessoas, mas nada aconteceu. Portanto, o centro está fechado», recorda o autarca.
Mas o espaço vai reabrir brevemente como “Caixa Forte” para mostrar o célebre e enigmático Pálio de Cidadelhe e funcionar como museu de uma aldeia que José Saramago batizou de “Calcanhar do Mundo” no livro “Viagem a Portugal” – e que visitou em 2003 e 2009. Para Rui Ventura, esta é a oportunidade para a Côa Parque abrir esta porta sul do parque. «É a “porta” de Lisboa e do centro e Sul do país, mas também é a porta que encaminha os espanhóis. Mas continua fechada, incompreensivelmente», lamenta o edil, considerando que o PAVC está «exclusivamente» virado para Vila Nova de Foz Côa quando abrange mais três concelhos. «Este é o trabalho que a Fundão tem que fazer para que o parque seja uma mais-valia para toda esta região», afirma.
De resto, o edil revela também que tentou, sem sucesso, integrar Cidadelhe numa rede secundária das Aldeias Históricas. «Por que não pode haver uma segunda linha de aldeias com características patrimoniais e históricas importantes e que possam ajudar esta rede?», questiona, sublinhando que a aldeia do concelho de Pinhel tem «todas as condições» para tal. «Mas a Associação das Aldeias Históricas de Portugal não quis saber da nossa proposta nem veio ao local conhecer as potencialidades de Cidadelhe», critica Rui Ventura, lembrando que o município não exigiu financiamento. «O que tiver que ser feito será a custas do município ou de candidaturas».
Luis Martins