Nos próximos tempos, o Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), que abarca os hospitais Pêro da Covilhã e do Fundão, poderá ter médicos e profissionais da saúde espanhóis a exercerem medicina em algumas áreas específicas, tais como a anestesiologia, a medicina interna, urologia, neurologia, pediatria e anatomia patológica.
Áreas que requerem «especialistas», mas que «não se encontram disponíveis em Portugal», explica Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração (CA) do CHCB. «Os especialistas existentes em Portugal não chegam para as necessidades do país», sustenta, pois não estão interessados em exercer a profissão no interior ou estão já a atingir a idade da reforma.
O que acontece, aliás, com muitas áreas da saúde em Portugal face à «má distribuição das especialidades» que se fez durante anos no nosso país. «Haverá um excesso de médicos nas zonas do litoral», mas não nas especialidades, aponta Castelo Branco. Daí que para além dos médicos espanhóis «serem bons profissionais devido ao processo de qualificação, que é razoável», abonam ainda dois factores essenciais para a sua contratação: «A proximidade cultural e a linguística», acrescenta Miguel Castelo Branco. Por isso, não tem dúvidas que “nuestros hermanos” sejam capazes de «dar conta» do serviço e contribuir para «aumentar a capacidade de resposta nas áreas cirúrgicas e ambulatórias, de diagnóstico e melhorar a qualidade da oferta» com novos conhecimentos e técnicas cirúrgicas, espera o presidente do CA do CHCB.
A contratação dos médicos espanhóis surge da «necessidade de crescer em algumas áreas» no sentido de as dotar com «mais capacidade» de resposta aos utentes, acrescenta Castelo Branco, apesar de ainda não estar definido o número de médicos que a unidade hospitalar precisa para levar avante as aspirações de prestarem cuidados médicos eficazes e com mais qualidade. O processo de negociação com a Unidade Autónoma de Madrid ainda «está no princípio», mas, ao que tudo indica, alguns médicos poderão vir para a Cova da Beira. É que, ao contrário de Portugal, a vizinha Espanha possui «mais oferta do que a procura», pelo que «existem médicos no desemprego», refere Castelo Branco. Daí que além de Portugal, a Unidade Autónoma de Madrid esteja também a estabelecer contactos com a França para canalizar para lá alguns dos profissionais actualmente no desemprego. Nesse sentido, os espanhóis «têm todo o interesse em serem colocados em zonas de proximidade», aponta.
Miguel Castelo Branco não vê qualquer encargo no orçamento do CHCB com a contratação de «vários médicos». Sob as regras de uma empresa gerida por capitais públicos, os denominados hospitais-empresa, as «horas extraordinárias serão convertidas em horas normais», o que irá permitir a poupança de «bastante» dinheiro à unidade hospitalar. Para além disso, como é um modelo financiado por tabelas de produção assente no desempenho profissional, tudo indica que haja «uma maior capacidade de produção», conclui Castelo Branco, não trazendo assim nenhum prejuízo ao CHCB.