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CHCB sofre de «défice crónico» desde que foi criado

Revisão do sistema de retribuição dos hospitais S.A. é uma das soluções apontadas por Miguel Castelo Branco para reduzir os sucessivos prejuízos

O presidente do Concelho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira, Miguel Castelo Branco, defendeu na última segunda-feira a revisão do sistema de retribuição dos hospitais S.A., tanto na área do ensino como nas linhas assistenciais ao doente não remuneradas.

Esta é uma das soluções que este responsável aponta para reduzir o «défice crónico» que a instituição padece desde que entrou em funcionamento há cinco anos. Desde então que o CHCB – que engloba os hospitais Pêro da Covilhã e do Fundão – tem apresentado «sempre» resultados negativos de vários milhões de euros. Em 2004, a unidade apresentou um prejuízo de 8,5 milhões de euros, o terceiro maior défice no total dos 31 hospitais empresarializados.

Para combater os elevados prejuízos, o presidente do CA defende o alargamento das actividades remuneradas pelo Ministério da Saúde a áreas como o tratamento de medicina física e reabilitação e consultas não médicas (como psicologia e nutrição). Recorde-se que, actualmente, apenas as áreas de consulta externa, urgência, internamento, cirurgia ambulatório, hospital de dia e serviços ao domicílio são pagas pela tutela, e nalguns casos só apenas numa parte. É o caso do serviço ao domicílio, em que apenas o trabalho desenvolvido pelos médicos é retribuído ao hospital quando o «grande volume deste serviço é desempenhado por enfermeiros», refere.

O número insuficiente de médicos, o que obriga a uma sobrecarga de gastos em horas extraordinárias, é outra das causas apontadas por Miguel Castelo Branco, assim como os gastos dispendidos com o ensino e as deslocações de doentes para outros hospitais, como Coimbra. Por isso, defende ainda a continuação de reformas internas para racionalização e melhoria das eficiências do hospital e uma maior cooperação com centros de saúde e hospitais da região para «prestar um serviço de melhor qualidade ao utente e reduzir a independência do exterior», aponta.

Mas apesar do défice continuar desde que foi transformado em S.A, Miguel Castelo Branco continua a apontar a empresarialização como um «modelo francamente positivo» pois responsabiliza «os hospitais e a gestão pelo cumprimento dos seus planos de acção». «É certo que reformas deste género, que passa a responsabilizar os hospitais e a racionalizar os recursos não se faz em três anos. É preciso tempo», salienta.

Combate às listas de espera continua uma prioridade

O número de doentes em lista de espera continua a aumentar de ano para ano. Só à espera de cirurgia, encontram-se actualmente 1700 utentes no CHCB, para além dos vários doentes à espera de conseguirem ser atendidas em algumas áreas de especialidade, como urologia, cardiologia, otorrinolaringologia ou oftalmologia. A falta de médicos nessas especialidades continua a ser o maior entrave, assim como a insuficiência de anestesistas para que as intervenções pudessem ser mais céleres. «Vai ser necessário um grande esforço para o ano» para reduzir estes números, nota Miguel Castelo Branco, que prevê a necessidade de relacionar o número de médicos existentes com a introdução de novos esquemas organizacionais».

De resto, o balanço das várias actividades do hospital é positivo. O número de consultas duplicou em relação a 2000. No ano passado, foram realizadas 100 mil consultas, estimando-se aumentar este número até ao final deste ano para as 110 mil. Já o recurso ao serviço de urgência diminuiu desde 2004, graças à «melhoria da resposta de cirurgia ambulatório», salienta Miguel Castelo Branco. Este novo serviço, que começou a funcionar em Setembro de 2004, irá ter este ano uma actividade superior a 700 intervenções. «É uma área com grande potencial de desenvolvimento e uma das apostas deste hospital», sublinha, adiantando que o serviço não irá trazer custos acrescidos por permitirá reduzir o internamento. As actividades do Hospital de Dia também cresceram este ano (para as 11 mil), assim como o número de recursos humanos. O maior “boom” nesta área verifica-se no número de enfermeiros (cerca de 430), enquanto que o número de médicos e de técnicos acentuam-se em menor número: à volta de 110 e 120 profissionais, respectivamente. Quanto aos proveitos, o CHCB recolheu 46 milhões de euros contra os 54 milhões gastos.

Liliana Correia

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