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Chamas rondaram Unhais e Alvoco da Serra

Incêndio da última semana voltou a afectar Reserva Biogenética do PNSE

O Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) sofreu mais um duro golpe na semana passada, com uma vasta área de pinhal e mato a ser o pasto das chamas durante três dias. Mais uma vez, a Reserva Biogenética da Estrela, criada em 1993 pelo Conselho da Europa dada a existência de espécies únicas de flora e fauna, foi a zona mais afectada. O incêndio, que teve início na passada terça-feira em Loriga e Alvoco da Serra (Seia), alastrou para o concelho da Covilhã e chegou a rondar a vila de Unhais da Serra na quinta-feira, tendo mesmo ameaçado a estância termal local e algumas habitações. O fogo, que terá consumido perto de uma centena de hectares de vegetação, subiu a encosta em três frentes distintas, em direcção ao alto do Planalto Central e Unhais, e envolveu perto de duas centenas de bombeiros, meia centena de viaturas, que chegaram a ter a ajuda de três helicópteros e quatro aerotanques bombardeiros. As chamas foram dadas como extintas no último fim-de-semana.

Tudo começou com dois incêndios no concelho de Seia, numa zona de pinhal e mato do PNSE de acessos difíceis. O sinistro de Loriga foi dominado durante a manhã de quarta-feira, permanecendo o de Alvoco da Serra activo até ao dia seguinte. Este fogo motivou alguma preocupação para os bombeiros ao princípio da madrugada de quarta-feira, numa altura em que os “soldados da paz” não tinham meios para combater as chamas, que atingiram então o concelho da Covilhã. Para além das corporações locais, encontrava-se também na povoação uma coluna da região do Porto, mas que só foi colocada no “teatro” das operações ao princípio da manhã seguinte. Entretanto, as chamas ainda fizeram uma investida até Alvoco, junto ao monumento do Sagrado Coração de Jesus, mas a rápida intervenção de bombeiros e populares permitiu debelar aquela que seria mais uma frente de fogo. Ao meio dia de quarta-feira, este incêndio aproximou-se de Unhais da Serra devido as dificuldades sentidas pelos “soldados da paz” em aceder às frentes que permaneciam ainda bastante activas. A falta de acessos dificultou o trabalho dos bombeiros, impossibilitando a aproximação das viaturas às zonas das chamas. A ajuda dos meios aéreos, que se encontravam no local desde a manhã, revelou-se fundamental, dado que têm aproveitado a piscina pública da povoação para a captação de água.

Contudo, na quinta-feira, a situação continuava por circunscrever em Alvoco, mantendo duas frentes activas, sendo a de Unhais considerada a mais problemática, enquanto a de Alvoco da Serra estava mais calma e praticamente circunscrita, muito por culpa da descida das temperaturas e o aumento da humidade relativa do ar então verificadas. Condições que não tiveram qualquer efeito junto à vila de Unhais da Serra, onde se viveram momentos de pânico. As chamas, que rondaram as habitações, originaram mesmo três feridos e destruíram alguns barracões. O cenário só não foi pior porque bombeiros e população conseguiram travar a frente de fogo que, descendo a serra, circundou a vila do concelho da Covilhã. Uma rapariga voluntária de Castelo Branco ficou ferida numa vista e teve que receber assistência médica. Dois populares também sofreram ferimentos ligeiros – queimaduras – quando tentavam impedir que as chamas destruíssem um barracão junto a uma empresa têxtil local. Os dois homens foram transportados de ambulância para o hospital da Covilhã.

Luís Martins

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