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Chamas regressaram ao PNSE

Autoridades suspeitam que último incêndio do ano possa ter origem numa queimada mal controlada

O ano de 2005 acaba como começou na maior área protegida do país. Mal. Depois de um Verão devastador em termos de incêndios no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), onde arderam mais de 11 mil hectares, o fogo fez, no último sábado, uma derradeira aparição. Ao que tudo indica, uma queimada mal controlada poderá ter estado na origem do sinistro que lavrou durante quase 10 horas no concelho de Gouveia, num lugar que já tinha sido consumido pelas chamas em Janeiro.

O fogo começou pela manhã numa zona de pastagens, num local ermo do PNSE, e seguiu depois encosta abaixo em várias frentes fazendo pairar sobre a “cidade-jardim” uma grande nuvem de fumo. Apesar do frio e das geadas que se têm feito sentir na região, o inesperado aconteceu no lugar do Malhão, um local situado entre os municípios de Gouveia e Manteigas muito requisitado pelos pastores. As autoridades suspeitam que uma queimada ilegal e mal controlada, devido ao intenso vento que se fez sentir nesse dia na serra, possa ter estado na origem das chamas. «Dadas as condições climatéricas, não foram concerteza causas naturais ou um descuido. Teve mesmo que haver intenção, não pode ser de outra forma», refere o coordenador do Centro Distrital de Operações e Socorros (CDOS) da Guarda, António Fonseca. O caso está a ser investigado pelas autoridades, cada vez mais preocupadas com as consequências destes actos.

Tanto assim que os fogos de Inverno com alguma dimensão começam a ser demasiado repetitivos. Por exemplo, no início deste ano um grande incêndio na zona de Duas Pontes, na freguesia de Aldeias, também no município de Gouveia, consumiu mais de 400 hectares. Suspeita-se que tenha sido igualmente despoletado por numa queimada ilegal, feita alegadamente por pastores para renovar os pastos para os seus rebanhos. Curiosamente, uma das últimas frentes do fogo de sábado estava a ser combatida naquela freguesia, «uma área que já tinha ardido em Janeiro», acrescenta António Fonseca. O incêndio foi dado como circunscrito perto das nove da noite, tendo envolvido 60 homens, de oito corporações do distrito, apoiados por um helicóptero oriundo de Santa Comba Dão. As chamas lavraram numa zona de mato, sem ameaçar quaisquer habitações ou áreas sensíveis do PNSE. Os bombeiros sentiram grandes dificuldades em circunscrever o sinistro devido às características do terreno, acidentado, com grandes declives e de difícil acesso.

«As chamas tiveram que ser combatidas por pessoal a pé e sapadores, porque as viaturas não puderam aceder às frentes de incêndio. Para além disso, o vento forte também dificultou grandemente a nossa intervenção», adianta o inspector distrital. Ao fim do dia, o muito frio sentido no local revelou-se uma boa ajuda para conter o fogo. Desconhece-se ainda a área ardida com aquele que foi o último incêndio do ano no PNSE.

Luis Martins

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