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CGD até Almeida

1. Emprego, emprego, emprego, é todo um programa político. No âmbito das políticas de emprego surge, naturalmente, a questão da prioridade da adequação dos sistemas de educação, ensino e formação à revolução económica em curso, na perspetiva da resposta social inclusiva que temos que dar, entre outros aspetos, as tendências irreversíveis da transição para uma economia sustentada a energias verdes, para modelos de produção automatizados, para a transição de uma economia de assalariados para uma economia maioritariamente de empreendedores.

A inovação é o alimentador de todos esses processos. As mudanças subsequentes na natureza e nas relações de trabalho devem concitar necessariamente a nossa atenção. Em Portugal, 50% de todo o novo emprego é criado por empresas com menos de cinco anos de atividade. À precariedade do trabalho soma-se também a precariedade das empresas.

Resta saber como tornar sustentável uma sociedade com tais dissonâncias e desigualdades e que oportunidades novas podem ter os territórios de baixa densidade. Uma coisa estamos certos: não será com receitas de salários baixos e de desregulamentação das leis laborais. É por tudo isto e para tudo isso que tanto insistimos na qualificação dos jovens e na reconversão dos trabalhadores ativos para novas competências. Só assim a competitividade será compatível com empregabilidade, com riqueza e com distribuição menos desigual.

2. Uma vez mais vou voltar à Caixa de Almeida e à decisão do seu encerramento. É conhecida a minha sugestão de que se devia fechar a agência da CGD na Assembleia da República e manter a funcionar a existente na vila de Almeida, porque faz muito mais falta aos seus utentes e clientes. Um cidadão de Almeida para encontrar outro balcão do banco público tem de percorrer 15 quilómetros, enquanto em Lisboa, numa área semelhante, envolvente ao Parlamento, se encontram centenas de serviços bancários à disposição. E com transportes disponíveis, o que não acontece em Almeida.

Mais importante que a reivindicação e a sugestão subsequente são os princípios e a mensagem que temos de fazer passar.

O interior não pode continuar a aceitar que reformar qualquer entidade ou serviço tenha sempre como pressuposto o baixo número de utentes, o prejuízo ou a ausência de lucro. Continuar a aceitar esta lógica é caucionar a morte do nosso território, das nossas terras. Quando há iniciativas do Governo, como a criação da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, e se permite que a Caixa escolha Almeida como a única sede de concelho a perder o seu balcão, não se entende esta duplicidade de critérios e objetivos.

Mas pior que tudo é o sinal intolerável que a CGD transmite à economia, às pequenas e médias empresas. O banco público serve para quê? Para apoiar o desenvolvimento e as empresas, com toda a certeza. O que a Caixa diz aos privados é que Almeida não interessa, que apostar em Almeida é um desperdício. É um novo anátema sobre a raia e todo o interior.

Estão a ver como trocar a agência do Parlamento pela de Almeida fazia todo o sentido… Alguém em S. Bento dizia “dá muito jeito ter aqui a agência”. Em Almeida também, sabiam?!

Por: Santinho Pacheco

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo eleitoral da Guarda

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