Arquivo

Certificação do Queijo Serra da Estrela continua a preocupar em Celorico

António Caetano lamenta que o processo não tenha tido evolução no último ano

«Há concorrentes directos que têm outros métodos, que estão muito mais bem organizados e que promovem uma concorrência, muitas vezes, desleal em detrimento do óptimo queijo». O alerta foi deixado por António Caetano, presidente da Câmara de Celorico da Beira, durante a inauguração de mais uma edição da Festa do Produtor do Queijo Serra da Estrela, que animou a vila durante três dias. Tal como no ano passado, o negócio na primeira manhã do certame não correu da melhor forma para os 70 produtores presentes, um número que leva o autarca a assegurar que Celorico continua a ser, de facto, a capital do Queijo Serra da Estrela.

António Caetano indica que a «preocupação essencial» da edilidade celoricense é, no momento, a «comercialização/escoamento do produto», lamentando que o processo de certificação do “ex-libris” do concelho não tenha «infelizmente» conhecido evolução no último ano. «Tem que haver necessariamente uma legislação que revogue a anterior e que permita a certificação do queijo de quinta, do queijo artesanal e do queijo industrial», reclama. Isto porque «é importante» que o próprio consumidor «saiba distinguir o porquê da diferença de preço de um queijo para o outro», diz. Entretanto, a Câmara já avançou para a criação de uma empresa de consultoria, de forma a «elaborar um documento reivindicativo sobre toda esta problemática» e para apresentar «dados concretos» em ligação com a ANCOSE – Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela e com a Associação de Produtores Florestais. Trata-se de um estudo que requer «algum» apoio financeiro e exige a «parceria» de várias entidades, nomeadamente a Estrelacoop e a Ancose, para que o concelho de Celorico da Beira, como «charneira na produção do Queijo Serra da Estrela avance com uma solução para a comercialização/escoamento», sublinha o edil. Caetano reconhece que o mercado tem escoamento para todos os tipos de queijo, contudo «é necessário fazer a distinção entre a maior e a menor qualidade», reforça.

Ao contrário do que sucedeu em 2003, em que foi a autarquia a estabelecer o preço de 14 euros por quilo, este ano foram os próprios produtores a adoptar os montantes de 20 euros para queijo certificado e 15 para aqueles que não possuem certificação. Uma estratégia explicada pelo autarca celoricense como sendo a forma de alertar os produtores para «a necessidade de se organizarem obrigatoriamente, sob pena de terem prejuízos», frisa. O autarca mostrou-se ainda favorável ao desafio lançado de realização de uma grande feira do queijo na região que envolva os concelhos de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Seia e Gouveia. Lançado por José Miranda, autarca fornense, o repto tem adeptos em Celorico, tendo em conta que a maior parte dos produtores já apresentam uma idade avançada, ao passo que os jovens não vão mostrando interesse em abraçar a actividade. Este assunto deverá, nos próximos tempos, fazer sentar à mesma mesa os quatro autarcas serranos.

Sobre o autor

Leave a Reply