O Centro de Dia do Alvendre foi inaugurado há pouco mais de um ano e é uma obra da Comissão de Melhoramentos local. No entanto, a associação já sonha com outros projectos em prol do bem-estar da população e agora ambiciona construir um Lar. O projecto já está feito e aprovado pela autarquia, só faltam os apoios financeiros.
Ainda o relógio não marcava 16 horas e os utentes já começavam a chegar para o repastado lanche. «Até houve quem tivesse confundido as horas e tivesse vindo mais cedo», graceja a funcionária. «Somos todos conhecidos», diz Amândio Gonçalves, enquanto mastiga mais um pedaço de pão com compota. «Isto aqui é uma alegria», sublinha com satisfação. E depois «levamos sempre para a noite», conclui Julieta Panarra, sentada na mesa ao lado e apontando para o saco plástico onde leva a sopa para casa, que fica ali mesmo ao lado do Centro de Dia. «Então, e o Tio Mário não vem?», pergunta alguém. «Ah! O “serôdio”, (como foi baptizado), vem sempre mais tarde!», responde com prontidão Amândio Gonçalves.
Actualmente, o Centro de Dia acolhe 19 utentes e mais quatro ao domicílio. «Todos pertencem à freguesia do Alvendre e ainda não chegamos às anexas porque nos falta uma viatura», queixa-se Gabriel Luís, presidente da direcção da Comissão de Melhoramentos local. Para beneficiar das refeições no Centro de Dia basta ter no mínimo 60 anos, mas «há excepções, para pessoas que estejam isoladas ou com problemas de inserção», ressalva o dirigente. A maioria dos utentes «sente a falta de um prato de sopa, muitas vezes devido à idade acabam por relaxar e não fazem uma alimentação equilibrada», constata. Neste momento ainda não há outras actividades no Centro de Dia, «porque necessitamos de um técnico», justifica Gabriel Luís, mas deverá ser o próximo passo. Também a pensar no futuro «já está pronto e aprovado» um projecto de ampliação do Centro de Dia para o transformar em Lar. Trata-se de uma «necessidade primária» para a freguesia, sustenta o presidente da Comissão, acrescentando que «mais de 65 por cento da população é idosa». O projecto contempla um moderno edifício ligado ao Centro de Dia, no mesmo espaço que foi cedido pela Junta de Freguesia local à Comissão de Melhoramentos, por um período de 50 anos. «Durante muitos anos foi a Escola Primária da freguesia e posteriormente foi Casa Paroquial», lembra Gabriel Luís.
O novo Lar terá capacidade para 40 pessoas, dispõe de 20 quartos, uma sala de fisioterapia, uma sala resguardada para os utentes receberem os familiares, entre outras valências. Está orçamentada em cerca de 500 mil euros. «Seria uma forma de garantir às pessoas um bem-estar em termos futuros», sublinha. Para além de contribuir para diminuir o desemprego na freguesia, «com o Centro de Dia foram criados quatro postos de trabalho para pessoas da freguesia que estavam desempregadas e com o novo projecto serão criados, pelo menos, mais cinco», garante Gabriel Luís. O projecto, inclusivamente, já foi aprovado pela Câmara Municipal da Guarda, no entanto, «falta verba para fazer a obra», lastima o dirigente. Para além de se candidatarem a um «qualquer programa de financiamento», também estão a pensar em fazer um peditório junto dos emigrantes da freguesia. Uma coisa é certa para Gabriel Luís: «a obra vai para a frente!», nem que demore alguns anos a tornar-se uma realidade. «Se conseguirmos um subsídio ainda melhor», considera. Já, o Centro de Dia foi feito com apoio da freguesia, da autarquia e outros. Na altura, a obra estava orçada em 200 mil euros, mas «no final só custou 140 mil euros», diz com orgulho. Por isso, confia que o Lar também deve custar menos do que está previsto. «Basta fazer a obra por fases e com administração directa», dá a receita. Uma das preocupações da Comissão é melhorar o bem-estar da população, por isso «até os produtos agrícolas das refeições são comprados aos agricultores da terra», constata. De resto, a Comissão de Melhoramentos do Alvendre também organiza convívios e excursões. Para breve, estão previstos passeios até ao Museu do Pão, em Seia, e ao Parque Zoológico de Gouveia, entre outras actividades.
Patrícia Correia
