O CDS já não vai a votos coligado com o PSD em Aguiar da Beira, mas os partidos fazem leituras diferentes do sucedido. Enquanto os centristas dizem que o parceiro da coligação não cumpriu o acordo em relação aos lugares nas listas, o PSD justifica a separação com o apoio de membros do CDS ao adversário apoiado pelos socialistas. Quem vai aproveitar este desentendimento de última hora é Joaquim Bonifácio.
«Chegámos à conclusão, após um conjunto de reuniões, de que não iria haver acordo em relação às listas», disse João Saraiva a O INTERIOR. Segundo o líder da concelhia centrista em Aguiar da Beira, o PSD «não colocou um conjunto de membros do CDS no lugar combinado», o que terá motivado o fim do acordo de coligação. O dirigente, que tinha sido apresentado como “número três” de Fernando Pires, confirma o apoio à candidatura independente, sublinhando que este surge «em articulação com as estruturas distritais e nacionais». Confrontado com a mudança, João Saraiva reitera que «não há qualquer tipo de incongruência», uma vez que a união anterior teve «por base um acordo que não chegou a termo».
Por isso, o dirigente acredita que a «campanha vai ser renhida» em Aguiar da Beira, pois vão a votos «pessoas que estiveram juntas muito tempo e agora defendem ideias diferentes». Numa indireta à candidatura social-democrata, o líder centrista afirma que «o que é importante no poder autárquico tem a ver com as pessoas que realmente trabalham por Aguiar da Beira», justificando assim o apoio a Joaquim Bonifácio.
A versão de Fernando Pires é outra: «Comecei a ver elementos do CDS na candidatura independente, pelo que não havia interesse em continuar coligado com eles», disse o candidato a O INTERIOR. O atual vereador de Fernando Andrade, que vai na lista à Assembleia Municipal, defende que os lugares nas listas – combinados com o CDS – foram cumpridos, mas que «quando fomos para a coligação já tínhamos as listas às freguesias e não ia tirar elementos do PSD para por gente do CDS», disse, desmentindo, no entanto, que a definição das listas tenha estado na origem do “corte” de relações.
Ainda assim, o cabeça-de-lista do PSD defende que «a candidatura saiu reforçada»: «Durante muitos anos a oposição foi o CDS, que se tem encostado ao PS e costuma ir em listas independentes», critica. O candidato, que garante ter o apoio de militantes do CDS, acredita na vitória, já que os eleitores «nunca deram a vitória a esses falsos independentes». Apesar da situação, Fernando Pires faz um «balanço muito positivo» do trabalho desenvolvido com os centristas: «Entendemos que não seria vantajoso continuar, mas não fecho a porta a ninguém», sublinha.
Sara Quelhas