O nosso Portugal voltou à realidade! Depois de um país das maravilhas, onde o lixo foi sendo varrido para debaixo dos já gastos tapetes, eis que tudo se descobre à menor corrente de ar. Vieram os incêndios, depois os roubos a paióis e sucederam-se as exonerações, substituições, demissões e cativações. Principalmente as cativações. Foi dado a conhecer a forma sub-reptícia como se reduziu o défice. A justificação que os outros, os dos tempos passados, também o fizeram não colhe. Assumam a tragédia, mais uma, cometida contra o povo português. Só quem não conhece minimamente como têm funcionado certos serviços como escolas, hospitais, tribunais, apoios sociais e outros é que pode ficar espantado com tamanha brutalidade de cativações. Um valor de 942,7 milhões de euros, sendo que 553,5 milhões de euros foram cativados da rúbrica aquisição de bens e serviços e 224 milhões de euros da reserva orçamental. Alguém pode ficar espantado?
Para os protestantes os milagres há muito que acabaram, por muito que custe a certa elite política. Mas se os acontecimentos trágicos e o laxismo vieram pôr a descoberto toda a falácia dos resultados de uma economia e, principalmente, a forma pouco transparente como foram obtidos. Estranha-se o facto de não se falar do estado a que a Educação chegou neste nosso país. Desde a divulgação antecipada dos conteúdos do exame de Português do 12º ano, feita, supostamente, por alguém que fazia parte da equipa que elabora os mesmos exames. Que dizer da “passagem” de ano de alunos com 5 negativas, após a sucessiva repetição de reuniões, ditas de avaliação, que se traduziram em votações como assembleia de sócios de um qualquer clube desportivo de bairro. Tudo para que se cumprissem directrizes superiores que impunham redução das mal-afamadas “retenções”!
Há escolas em que se contam pelos dedos de uma mão as “retenções” verificadas nos diferentes anos de escolaridade. Pautas repletas de “Aprovados”! A coisa só muda de figura… no 12º ano… Curiosamente! Quem pode compreender que um aluno tenha um percurso “imaculado” ao longo de 11 anos e venha a escorregar só no 12º ano? A questão das aprendizagens está bem explicada num estudo realizado pelo insuspeito IAVE, o tal organismo constituído por professores nomeados pelo Ministro da Educação para elaboração dos exames, que vem dizer que os alunos conseguem bons resultados nas perguntas que envolvam conceitos, isto é, tudo o que seja memorização. Não conseguem avançar para outros patamares do domínio cognitivo, nomeadamente para a compreensão. Tudo bem explicado! Referir que a DGEEC fez publicar os dados estatísticos da Educação, em Portugal, e mais uma vez se confirma que as retenções estão a cair…
Em 2015/2016 verificou-se a maior queda na taxa de retenção. Uma dúvida, no entanto, assalta os contribuintes portugueses. Essa menor taxa de retenção dos alunos traduz-se em melhoria das aprendizagens? Seria bom que os mordomos das teorias do ensino sem retenções não se esquecessem que o desenvolvimento económico e o bem-estar de uma nação dependem do grau da qualidade e exigência do ensino. A política de aprovação/retenção que um qualquer diretor quer impor na “sua” escola chegou e assentou arraiais. Pelo caminho até pode acontecer que algum diretor peça que algum aluno fique retido, pois será preciso credibilizar a Escola, não vão os pais pensar que na Escola do diretor X todos os alunos passam, mas pouca gente sabe alguma coisa. É a promoção do “cábula” que sabe que no fim do ano letivo tem o sucesso garantido.
Sobre a flexibilidade curricular, a inclusão e integração falaremos noutra altura!
E, tudo isto é apenas o começo… Ainda está para chegar a municipalização das escolas! A “festa” ainda será maior…
Por: Jorge Noutel