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Castelo Novo pode tornar-se o centro museológico medieval do Fundão

Cerca de 100 das mil peças descobertas já estão expostas no mais recente espaço expositivo do concelho

O espólio encontrado nas escavações, de mais de dois anos e meio, no castro de Castelo Novo (Fundão) pode ser agora visitado no Núcleo Museológico daquela Aldeia Histórica. A nova estrutura abriu as portas no sábado passado, nos antigos Paços do Concelho, e ali pode ser encontrado o melhor acervo descoberto nas ruínas do castelo por arqueólogos da Câmara do Fundão.

Entre as peças expostas há algumas mais significativas, como um anel e um remate de uma bainha marcados pela insígnia da Ordem de Cristo. Silvina Silvério, arqueóloga responsável pelas escavações, refere que não estavam à espera de encontrar aquelas preciosidades, embora já soubessem que «as Ordens cá estavam, o castelo era delas, portanto era natural que aparecesse alguma peça deste tipo». No entanto, do espólio encontrado apenas dez por cento está exposto naquele núcleo de arqueologia medieval, pois ainda há muito trabalho a realizar nos próximos anos, incluindo o alargamento daquele espaço de forma a poder acolher todo o espólio da época medieval do concelho. Paulo Fernandes, vereador com o pelouro da Cultura, revela que o objectivo é «passar o valor medieval concelhio para aquela aldeia», transformando-a no centro museológico medieval do Fundão. Dentro de pouco mais de um ano passar-se-á à segunda fase de aproveitamento total daquele edifício, um «postal obrigatório» para quem visita Castelo Novo, considera o vereador.

No castelo foram descobertas «milhares» de peças, mas actualmente só estão expostas cerca de uma centena, «escolhidas para embelezar aquele espaço» nesta primeira fase, conta Paulo Fernandes. O responsável destaca que, apesar de se tratar de um local pequeno, teve uma intervenção «muito digna» e de «grande qualidade», que põe em evidência o melhor dos achados, embora ainda haja muitas peças por trabalhar e catalogar. Das que já estão em exposição, o vereador evidencia o conjunto numismático «verdadeiramente raro» de moedas do século XIII, alguma cerâmica de «grande valor» e objectos simbólicos ligados ao poder da Ordem do Templo, como emblemas e anéis. Ali pode ser igualmente visto um enquadramento histórico «interessante», que possibilitará aos visitantes da Aldeia Histórica interpretar e conhecer melhor este património «magnífico», sublinha. De resto, o espaço é considerado uma «mais-valia» para todos os fundanenses e para a própria região, que ali vai concentrar todas as suas riquezas da época medieval. As escavações vão continuar no local, uma vez que «muita coisa há ainda para encontrar», salienta Paulo Fernandes, destacando que por enquanto a visita ao Núcleo Museológico é gratuita, mas quando a segunda fase estiver concluída e a funcionar em pleno «irá pagar-se alguma coisa». O espaço está aberto todos os dias da semana, mas as entradas são feitas de acordo com o posto de turismo local, cujas responsáveis orientam visitas guiadas.

Rita Lopes

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