A suspensão de funções de vereador a tempo inteiro por parte de João Esgalhado marcou a última Assembleia Municipal (AM) da Covilhã, na sexta-feira, numa sessão em que a oposição quis saber os motivos que motivaram esta decisão. O debate fez-se sobretudo entre o PSD e o PS e os ânimos chegaram a estar exaltados depois do socialista Paulo Ferrinho ter questionado sobre possíveis divergências em matéria de Urbanismo. O deputado falou das alegadas irregularidades detectadas em 2008 numa casa construída por Carlos Pinto.
João Esgalhado, que persiste no silêncio, esteve cerca de uma hora nesta sessão, que durou perto de seis, e não chegou a ouvir a discussão em torno da entrega de pelouros. O primeiro partido a abordar o assunto foi o PS, pela voz de Hélio Fazendeiro. «Cinco meses depois das eleições, a autarquia e a lista do PSD já teve de recorrer ao primeiro suplente», constatou o deputado, numa alusão aos elementos que não chegaram a ocupar cargos e ao pedido de suspensão de mandato de Luís Fiadeiro, em Fevereiro. Quanto à mais recente alteração motivada pela entrega de pelouros de João Esgalhado, Hélio Fazendeiro foi directo: «Qual a situação que se vive na Câmara e o que se passou para isto acontecer?», perguntou. Também Isilda Barata, do CDS, mostrou-se «preocupada» com as «mudanças em tão pouco tempo» e em pelouros «muito importantes» como o Urbanismo, a Habitação ou o Aeroporto Regional. «Estas mudanças levam-me a questionar se não haverá alterações aos compromissos eleitorais», disse, ao exemplificar com a revisão do PDM, a reabilitação da zona histórica da cidade e a recuperação de antigos edifícios fabris, entre outros.
Os socialistas voltaram à “carga”. Baseando-se em rumores que disse circularem na cidade, Paulo Ferrinho admitiu que «gostava de saber se o vereador saiu porque tem diferenças inultrapassáveis quanto à gestão urbanística feita pelo presidente» e também se «tem a ver com alguns licenciamentos de obras que ficam na franja da legalidade, como já foi referido pela Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) no relatório em 2007». E prosseguiu, questionando se os motivos estarão relacionados com algumas queixas e denúncias, como «a edificação da própria residência» de Carlos Pinto. «Quem anda à chuva molha-se, meu caro», respondeu o presidente da Câmara, em tom de aviso. «Aquilo que o senhor trouxe aqui ultrapassa a questão política», considerou, para depois lamentar que o deputado se tenha baseado na «trica de café» e em «insinuações».
«Alguma vez o senhor propôs uma discussão sobre a central da Cova da Beira, o aterro, que está em sede de julgamento e não em inquérito, como estão as inspecções normais que saem da IGAT?», questionou, para depois garantir que a autarquia «teria feito tudo na mesma». «Na altura própria cá estaremos com os argumentos de sustentabilidade jurídica», frisou. Carlos Pinto voltou a dizer que foi João Esgalhado quem «colocou os pelouros à disposição» e que o rumo da autarquia vai manter-se como até aqui. E considerou que «as mudanças nas equipas são normais» e até elogiou João Esgalhado: «O senhor vereador fez um trabalho notável ao longo destes últimos 12 anos. Deixou esse trabalho e continua na Câmara. Qual é o problema?», declarou. Nesta sessão foi aprovado, entre outros assuntos, a aquisição do Teatro-Cine, o relatório de contas do primeiro semestre de 2009 do Parkurbis e a primeira revisão do Orçamento e Grandes Opções do Plano de 2010.
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