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Carta aberta ao Conselho de Administração do Hospital Sousa Martins

Na qualidade de utente, mas e sobretudo, na qualidade de cidadão da Beira Interior, venho questionar Vªs Exªs relativamente à unidade hospitalar que administram, mas que a todos nós diz respeito. Assim, muito gostaria eu e todos os residentes na região de saber se os critérios economicistas se sobrepõem às necessidades e mesmo ao direito à saúde que nos é, constitucionalmente, reconhecido.

Como bem sabem, é com enorme orgulho, a julgar pela ênfase colocada na divulgação e publicitação da construção de novas unidades hospitalares, nomeadamente no interior, que os governantes procuram levar as populações a pensar quanto estes se preocupam com o bem estar e a saúde dos residentes destas regiões mais desfavorecidas. Se assim é, então porque são encerradas as valências hospitalares de que mais necessitamos? Para que serve a construção de um novo hospital se, algum tempo depois, quem o administra entende proceder ao encerramento de serviços absolutamente indispensáveis aos seus utentes?

Porque razão o HSM tem dispensado profissionais médicos que são prontamente aceites e contratados pela unidade hospitalar da Covilhâ? O C.A. deve ter a estatística e terá, por certo, justificação para tal. Também gostaríamos que fosse partilhado connosco.

Centremo-nos, por agora, na unidade de Cardiologia do Hospital Sousa Martins da Guarda, capital de distrito, e servindo uma vasta área geográfica que, embora de baixa densidade populacional, abrange um vasto conjunto de residentes.

Até ao início do corrente mês existia uma unidade de Cardiologia, com instalações funcionais e com diversos doentes internados, onde eram medicados e monitorizados. Foi também o meu caso há cerca de dois anos. Acresce ainda que o Hospital dispõe mesmo de um ginásio completamente apetrechado com equipamento dedicado à reabilitação cardíaca, pós enfarte, existindo também profissionais com formação específica, feita no exterior, alguns mesmo no estrangeiro, para operacionalizar esses equipamentos – pura e simplesmente nunca foram utilizados, encontrando-se o ginásio encerrado.

Todos sabemos que os problemas de coração, enfartes, arritmias graves, etc., não se compadecem com perdas de tempo, devidas à inexistência de um serviço que um Hospital Distrital obrigatoriamente deve disponibilizar aos residentes. Daí que uma pergunta simples, se imponha: se um qualquer residente morrer já depois de ter dado entrada no hospital, pelo simples facto de não ser tempestiva e corretamente atendido, por inexistência de um serviço de Cardiologia, a quem deveremos imputar a responsabilidade. Ao Conselho de Administração do Hospital? Ao ministro da Saúde? Precisamos saber… De imediato, somos a exigir a reabertura do serviço ora encerrado.

Manuel Mariano, Guarda

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