A remodelação do Governo foi já assumida por Durão Barroso e inclui o nome de Carlos Pinto como ministeriável. No regresso da visita a Moçambique, e para surpresa de todos, Durão Barroso não fugiu ao assunto de remodelação, avançando mesmo que, «brevemente, irei anunciar ligeiras alterações, que neste momento considero oportunas». O primeiro-ministro não quis revelar nomes, mas, posteriormente, o ministro-ajunto e secretário-geral do PSD, José Luís Arnaut iniciou alguns contactos junto das pessoas que Barroso pretende chamar para o Governo. Entre os sondados está o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, que deverá ser um dos três novos ministros da coligação de direita.
Embora inesperada, esta remodelação vem de encontro ao que muitos já esperavam e no seguimento de algumas exigências da “sociedade civil”. Durão Barroso vai mesmo substituir Amílcar Theias, Figueiredo Lopes e Celeste Cardona. É precisamente para ocupar o lugar de Figueiredo Lopes que Pinto já terá sido sondado. Assim, o actual presidente da Câmara da Covilhã deverá ser o próximo ministro da Administração Interna. Recorde-se que Figueiredo Lopes tem sido dos mais contestados no Governo PSD/PP e desde os incêndios, no Verão passado, que a sua cadeira está em “brasa”. Durão Barroso, ao configurar as alterações de ministros, considerou que para a Administração Interna teria de conseguir um político «experiente e habituado à pressão; intransigente e que não dê grande margem à imprensa; rigoroso e que controle tudo o que se passa à sua volta; e que conheça o “Portugal profundo”. Os adjectivos com que o primeiro-ministro caracterizou o responsável por pasta tão sensível assentam como uma luva a Carlos Pinto.
O convite ainda não terá sido formalizado pelo que o ainda presidente da Câmara da Covilhã, surpreendido por “O Interior”, optou por um «não comento». Ainda assim, o autarca não se coibiu de dizer que «o doutor Arnaut pôs-me ao corrente das mudanças que o doutor Barroso pretende implementar». Pinto acrescentou ainda que «é notório que Figueiredo Lopes tem sido inábil e pouco expedito».
Alçada a presidente
Contactado Alçada Rosa, que, porventura, será indigitado presidente da Câmara da Covilhã nos próximos dias, confirmou ter falado com Carlos Pinto sobre o assunto. «O presidente esteve hoje comigo, mas pediu-me para não revelar pormenores», disse o actual vice-presidente. Assim mesmo, não resistiu a mostrar satisfação por Pinto ter sido escolhido para o Governo: «Quem o conhece sabe da sua capacidade», afiançou. Para a escolha de Carlos Pinto terão contribuído vários factores. É tido como um “dinossauro” entre os autarcas laranja, tem uma imagem de competente e sagaz. Por outro lado, recorde-se que Pedro Santana Lopes é o primeiro vice-presidente do PSD e que Carlos Pinto foi o número dois da candidatura de Santana Lopes no Congresso do PSD, em Viseu. A amizade entre o actual presidente da Câmara de Lisboa e o autarca da Covilhã terá sido determinante na escolha de Pinto.
Luís Cipriano, que recentemente anunciou que seria candidato à Câmara da Covilhã contra Carlos Pinto, mostrou alguma surpresa ao ser confrontado com esta notícia, atirando de seguida que «já era tempo desse senhor ir para longe». O maestro disse mesmo que a Covilhã «só fica a ganhar». Quanto ao novo cargo de Pinto, o putativo candidato à Câmara ironizou: «Que país!». E perante este cenário Cipriano já desistiu da sua intenção de candidatura. «Não tenho adversário à altura», concluiu o maestro, inspirado pelo sucedido para compor uma nova peça «que será uma espécie de condensação das obras de Béla Bartók, Wagner e Puccini. Tudo em honra deste país incompreensível», avisa.