A Caritas Diocesana da Guarda tem cada vez mais dificuldades para conseguir responder a todos os pedidos. O número de famílias à procura de alimentos não pára de crescer e, por outro lado, a ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome da Cova da Beira (BACB) tem vindo a diminuir. «O nosso stock habitual mal chega para cobrir as necessidades», alerta a presidente da instituição. De acordo com Emília Andrade, o número de pessoas à procura de bens essenciais aumentou 20 por cento no primeiro semestre de 2010 face a igual período do ano passado.
A instituição recebe alimentos do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar (PCAC), duas vezes por ano, e do BACB, todos os meses. «Sabemos que há cada vez mais gente a precisar e não só na Guarda, pelo que a quantidade de alimentos que vem do Banco Alimentar é cada vez menor», lamenta Emília Andrade. Também os hipermercados já chegaram a entregar produtos alimentares, mas neste momento não o estão a fazer: «Está nos nossos planos contactá-los para voltar a sensibilizá-los para esta questão, de forma a que possam dar os que estão nos limites de validade», adianta. «A Caritas está instalada numa zona muito pobre da cidade [Rua do Encontro], o que faz com que haja pessoas que estejam sistematicamente a pedir ajuda e não só alimentos, mas também roupa, móveis, dinheiro e às vezes empréstimos», refere a presidente da instituição guardense. «Chegamos a conceder alguns empréstimos», revela.
No total, registaram-se neste primeiro semestre um total de 147 atendimentos (famílias). Os registos incluem também a procura dos diversos programas da instituição, como o Na(s)cer, destinado a grávidas e mães em dificuldades, ou o CLAII – Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes. «Não é fácil perceber quantas dessas famílias foram auxiliadas só ao nível da alimentação ou da roupa, mas, por norma, quem frequenta os nossos programas acaba por receber também esse tipo de ajudas», esclarece Emília Andrade. No caso da roupa, esta responsável diz que não há qualquer tipo de preocupação porque «quase todos os dias alguém deixa um saco à porta» e, no que respeita a mobiliário, «há cada vez menos pedidos». «As pessoas passaram a querer mais bens essenciais do que móveis ou outro tipo de artigos», constata.
Relativamente aos bens alimentares, Emília Andrade assegura que, apesar dos recursos serem cada vez mais escassos, «nenhuma família vai deixar de receber apoios». «O bolo tem é de ser bem racionado», sublinha. A presidente da Caritas da Guarda revela que tem sido assim que tem conseguido responder a todos os pedidos: «As assistentes sociais fazem uma triagem, uma análise caso a caso, para podermos dar prioridade aos mais prementes e sabermos dar consoante as necessidades», explica. A instituição está actualmente a realizar um estudo para apurar qual a realidade ao nível de toda a Diocese, até porque «a situação em concelhos como Seia e Gouveia também tem vindo a agravar-se, principalmente devido ao encerramento de unidades fabris», diz ainda Emília Andrade.
II Rota pela Raia a partir de terça-feira
As Caritas Diocesanas da Guarda, Salamanca e Ciudad Rodrigo promovem, a partir de terça-feira e até ao próximo dia 30, a II Rota Transfronteiriça pela Raia Espanhola e Portuguesa. São quatro as aldeias que este ano entram na iniciativa: Vale Verde (Almeida) e Aldeia de João Pires (Penamacor), do lado português, e Villarino de los Aires e Gallegos de Argañan, em Espanha. A rota, integrada no Projecto Interdiocesano de Desenvolvimento e Cooperação Transfronteiriça da Raia, vai contar com cerca de 30 voluntários. O programa inclui várias actividades, como visitas guiadas, “workshops”, caminhadas, saraus culturas ou colóquios, entre outros. A organização pretende promover o convívio e a troca de experiências entre os jovens voluntários e as comunidades. «São povoações envelhecidas e que precisam de ser animadas», defendeu na última segunda-feira Emília Andrade, em conferência de imprensa. «Pretende-se uma ligação muito forte com as populações», explicou a presidente da Caritas Diocesana da Guarda, para quem é preciso «mostrar que a Raia ainda pode sobreviver e que tem potencialidades».