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Caretos no Paço da Cultura

Exposição de pintura, fotografia, máscaras e trajes revela ritual carnavalesco de Podence

A folia e o colorido da tradição dos caretos chega ao Paço da Cultura, na Guarda, na próxima semana. A exposição “Arte e Magia Transmontana”, da responsabilidade da Associação Grupo de Caretos de Podence, abre segunda-feira ao público revelando os traços de um uso secular naquela pequena aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros através da pintura, fotografia, máscaras e trajes. A mostra vai estar patente até 4 de Fevereiro e será complementada com uma exibição ao vivo nas ruas do centro histórico dia 29 de Janeiro.

Todo o material apresentado integra o espólio da Casa do Careto, daquela colectividade, com destaque para os quadros de Graça Morais, Balbina Mendes e de outros artistas plásticos transmontanos, bem como fotografias de vários profissionais e exemplares dos famosos e misteriosos adereços dos caretos, uma arte que confunde elementos profanos, mágicos e religiosos. Simultaneamente será projectado um filme sobre o fascínio deste ritual carnavalesco em que os homens envergam trajes coloridos, elaborados com colchas franjadas de lã ou de linho em teares caseiros, escondem a cabeça entre duas máscaras de lata e prendem uma enfiada de chocalhos à cintura e bandoleiras de campainhas. Os caretos representam imagens diabólicas e misteriosas que todos os anos saem à rua em Podence por altura do Carnaval. A origem desta tradição perde-se nos tempos, segundo a Associação Grupo de Caretos de Podence, mas cumpre-se todos os Domingos Gordos e Terças-Feiras de Entrudo quando figuras endemoninhadas, com permissão para quase tudo, percorrem as ruas da aldeia em busca de quem chocalhar. Sobretudo mulheres solteiras. A imunidade conferida pela máscara permite-lhes mergulhar nos excessos, por isso encostam-se a elas e ensaiam estranhas danças com conteúdo erótico, agitando a cintura e batendo com os chocalhos nas ancas das vítimas que, para bem do corpo, acompanham a dança. Um mal menor se tivermos em conta que noutros tempos as brincadeiras iam muito para além dos chocalhos e as incautas apanhadas na rua eram fustigadas com cinza, dejectos e pele de coelho seca ou bexiga de porco fumada. Mas, para além da vertente matreira, este cerimonial pagão assinala também o fim do Inverno e o início da Quaresma.

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