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Capeia voltou a animar Aldeia do Bispo

O povo venceu o touro pelo cansaço em Aldeia do Bispo, na última segunda-feira

O passado, o presente e o futuro de Aldeia do Bispo juntam-se todos os anos, por esta altura, no centro daquela freguesia do concelho do Sabugal. Na última segunda-feira, alguns milhares de pessoas, entre aficionados e curiosos, não faltaram à chamada e aderiram a mais uma tarde de tradição.

Entre a multidão contavam-se habitantes da localidade, das aldeias vizinhas, do outro lado da fronteira e de muitos outros pontos do país, que preenchiam as bancadas improvisadas e ocupavam os lugares mais “improváveis”, enquanto outros optavam por sítios mais tranquilos – e à sombra. Nem o forte calor que se fez sentir desanimou a plateia, que respondeu com entusiasmo ao que se foi passando na arena, não se “rendendo” em momento algum. Os mais destemidos – e com força nas pernas – não hesitaram na hora de desafiar o touro a mais uma corrida, onde não faltou a habitual “provocação” e trabalho de equipa, que se evidenciou no indispensável forcão. As palmas e os gritos de incentivo renovaram o ânimo para os sucessivos desafios aos touros, por diversas vezes mais interessados em “responder” aos espetadores do que ao forcão. No entanto, a tradição cumpriu-se uma vez mais, de olhos postos num futuro longo e risonho para esta marca – já incontestável – da identidade regional.

Diogo Borges participou, como habitualmente, no forcão: «As pessoas estão todo o ano à espera, o povo vibra com isto, pois é uma terra de grande “afición”», defende o jovem de 25 anos, natural de Aldeia do Bispo. «Está na raiz desta gente, é um tradição secular e que temos de preservar, pelo que nunca vai acabar de certeza absoluta», sublinha Diogo Borges, que também desafiou os animais com várias corridas na arena. Por seu lado, Joaquim Agostinho, de Alfaiates, considera que «não se pode falhar nenhuma» capeia desta época estival. Para o aficionado, esta tradição «deve continuar a ser apoiada». Da mesma terra, também Luís Navalhas costuma cumprir o calendário da capeia “arraiana” e até garante que «sem estas touradas não fico satisfeito». «Isto não pode acabar, depois de nós têm de continuar com os filhos e os netos», sublinha o espetador.

Já António Alves, de Aldeia Velha, vai normalmente às diferentes capeias, «especialmente Aldeia do Bispo, Fóios, Forcalhos, Aldeia da Ponte e Lageosa», conta. «É o melhor aliciante que temos durante o ano, este é um dos melhores sítios para a capeia, assim como a de Aldeia Velha, que é considerada das melhores da região», considera. Pelo contrário, Maria Mendes estreou-se este ano nas capeias, apesar de estar habituada a assistir a touradas: «Nunca tinha visto este tipo de lide mas gostei imenso», afirma espetadora que se deslocou a convite de uns amigos da Covilhã. «Numa próxima vez, se estiver por aqui, gostaria de repetir a experiência», afiança Maria Mendes, natural da Guiné Bissau.

Zé Nói levou os touros a Aldeia do Bispo Aficionados lotaram bancadas da praça improvisada

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