Ao contrário do que sucedeu em 2005, o PSD não vai ter listas candidatas às Juntas em 16 freguesias do concelho da Guarda. Os sociais-democratas apresentam listas próprias em 26 freguesias, apoiam oito candidaturas independentes e cinco plenários. Contudo, na apresentação dos candidatos à Assembleia Municipal (AM) e às Juntas realizada na última segunda-feira, o candidato à Câmara da Guarda rejeitou a ideia de que tenha havido uma «redução», preferindo falar em «estratégia nova».
Crespo de Carvalho considera que «não vale a pena criar alternativas só para ter alternativas», exceptuando «alguns casos em que algum tráfico de influências levou a que não estivéssemos presentes», acusando o PS de ter feito «promessas concretas e pouco abonatórias em termos públicos» que levaram alguns presidentes de Junta eleitos pelo PSD em 2005 a aceitarem o convite socialista. Por outro lado, o candidato ressalva que «sempre que fizemos uma avaliação de qualificação ou de capacidade das juntas de freguesia que poderiam ser bons intérpretes daquilo que são os anseios das respectivas populações não nos preocupámos sequer em encontrar soluções para essas freguesias, independentemente de serem do PSD, independentes ou do PS», frisa.
Entre as oito candidaturas independentes, merece «referência especial» a de Aldeia Viçosa, cujo actual presidente, Baltazar Lopes, vai ser novamente candidato. Assim, vai ser assinado «provavelmente» no princípio de Setembro um «protocolo público de comprometimento recíproco» entre as duas candidaturas. «Comprometemo-nos a um conjunto de obrigações como Câmara para Aldeia Viçosa e Aldeia Viçosa vai comprometer-se connosco a votar favoravelmente todos os instrumentos indispensáveis à boa gestão da autarquia», resumiu Crespo de Carvalho sem querer adiantar muitos pormenores sobre o acordo.
Em nome dos candidatos às Juntas urbanas falou António Júlio Aguiar, que concorre à Junta da Sé por querer um concelho «mais desenvolvido, saudável e mais apelativo». «Um concelho a uma só velocidade que consiga ser aglutinadora dos desafios que se avizinham» é outro dos objectivos de quem garante que não pode «aceitar que a Guarda enquanto cidade geoestratética não consiga cativar novas empresas para aqui se instalarem» ou que «esteja esquecida enquanto principal porta de entrada para a Serra da Estrela». «Temos esperança de que ainda vamos a tempo de conseguir mudar o rumo do nosso concelho e da nossa cidade», defendendo que as três juntas da cidade «devem trabalhar com objectivos comuns» nas áreas «social, cultural, educação e valorização dos mais carenciados».
Por seu turno, José Gonçalves, candidato à Junta de Santana d’Azinha, usou uma metáfora para dizer que «os filhos [juntas] estão cansados do governador [Câmara] que não trata a todos de forma igual», estando também «revoltados e saturados do tratamento desigual que vão tendo».
Quanto aos candidatos à AM, João Correia explicou os motivos que o levaram a aceitar o convite para encabeçar a lista: «Depois de um período que tive de intervenção como colaborador num jornal e numa rádio local que me deram mais exposição, tentei motivar os cidadãos para a discussão e reflexão. Após 15 anos enquanto habitante do concelho achei que tinha a obrigação de tentar dar mais ao concelho. Não podia continuar a mandar críticas para o ar sem intervir», sublinhou. O médico realçou que se conseguiu «reunir um conjunto de cidadãos interessados, atentos, oriundos de áreas profissionais diversas e todos com vontade de mudar» um concelho «onde nos apeteça viver», acrescentando que é «candidato pelo PSD porque foi o PSD que me convidou». Já Constantino Rei, o número dois da lista à AM, considerou que «é necessário reinventar uma nova política de relacionamento» entre município e Instituto Politécnico da Guarda: «Não é mais possível que estas duas instituições não cooperem e não trabalhem de mãos dadas como verdadeiros aliados e irmãos, acusando ainda o governo PS de ser «o principal e primeiro inimigo do IPG», contando com «o silêncio comprometedor e o assobiar para o lado dos dirigentes responsáveis locais».
Ricardo Cordeiro
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