O executivo da Câmara da Covilhã aprovou na última reunião a abertura do concurso público para a concepção, construção e exploração do funicular que ligará o Largo de S. João de Malta e a Rua do Rodrigo. Trata-se de um meio mecânico que permitirá o «acesso» facilitado entre a parte baixa e o centro da cidade, que, aliás, foi projectado para a Covilhã em 1898 pelo mesmo engenheiro que perspectivou os elevadores de Lisboa, Mesnier du Ponsard.
«Ainda lhe chamamos funicular, mas não quer dizer que assuma essa forma», assevera o vice-presidente da autarquia, Alçada Rosa, até porque o meio mecânico mais adequado para vencer a «barreira do desnível» entre as duas zonas só será definido após as propostas do concurso público, que deverá ser lançado já no início do próximo ano. A construção deste meio de transporte, que irá facilitar o acesso ao centro da cidade e libertará as pessoas da dependência automóvel, já tinha sido pensada há dois anos atrás pela actual maioria social-democrata na Câmara da Covilhã, que abriu inclusive concurso público para a construção da obra. Contudo, a única proposta apresentada na altura «não tinha viabilidade económica», recordou Alçada Rosa, pois o custo então apresentado, de 997 mil euros, excedia em muito os 399 mil euros propostos como preço-base de adjudicação.
Esta ligação mecânica foi também justificada pelo arquitecto paisagista Nuno Teotónio Pereira em Julho de 2002, aquando a apresentação do Plano de Pormenor de S. João de Malta, defendendo a existência de três elevadores para aquela zona. Um faria a ligação da Rua do Rodrigo ao Largo de S. João de Malta – para o qual a autarquia deliberou abertura do concurso público – e os restantes percorreriam a distância que separa o Ramal da Estação da Rua Mateus Fernandes, divididos em dois elevadores: um ligaria a zona da Estação até meia encosta, onde os transeuntes entrariam noutro elevador até à Avenida 25 de Abril. Teotónio Pereira classificou na altura os elevadores como o «estilo ideal» para a Covilhã, devido ao declive acentuado do terreno, sugerindo ainda teleféricos e escadas mecânicas como meios de transporte alternativos.
De resto, os meios mecânicos “fora de série” estão também projectados no âmbito do Programa PolisCovilhã, tal como garantiu a “O Interior” o autarca covilhanense em Julho passado. Depois da sociedade gestora do projecto ter abandonado a ideia dos dois teleféricos de ligação à cidade (do Jardim Público aos Penedos Altos e da Central de Camionagem ao Jardim Público) por não existir viabilidade financeira nem interessados em construi-los, prevê-se agora a construção de umas escadas mecânicas de ligação entre a Rua Marquês d’Ávila e Bolama e a Rua António Augusto Aguiar (junto ao mercado municipal), bem como outros meios de aceso mecânico na ligação de zonas da cidade com declives acentuados.
Liliana Correia