A Câmara da Guarda não voltará a concessionar o Cine-Estúdio Oppidana a outras distribuidoras após a saída da Warner/Lusomundo, já em Abril. A garantia foi deixada, na última segunda-feira, por Vergílio Bento, vereador com o pelouro da Cultura, que anunciou que a autarquia está a ponderar assumir a gestão da única sala de cinema da cidade ou entregá-la à CulturGuarda. A decisão final está para breve.
Após mais de duas décadas de exploração comercial, a principal distribuidora de filmes em Portugal manifestou desinteresse em continuar na Guarda devido à falta de público, o que dita o fim do Cine-Estúdio Oppidana nos próximos dias. Esta semana a sala ainda vai exibir “Match Point”, mas tudo indica que será um dos últimos filmes em cartaz. A intenção de fechar o Oppidana remonta a 1998, altura em que a concessionária tentou cessar o contrato de exploração com a autarquia, proprietária do espaço. Algumas obras de melhoramentos das condições da sala adiaram a decisão, enquanto a Lusomundo instalou equipamento de som e projecção mais moderno. Investimentos em vão, uma vez que o encerramento é agora inevitável. «Por pouco tempo», espera Vergílio Bento, garantindo que a Câmara não vai deixar fechar aquele espaço. «Assumimos que vai continuar a haver cinema comercial na Guarda», diz, acrescentando que há um mês que estão em curso obras de beneficiação: «Aquilo é desconfortável e temos também que renovar todo aquele equipamento», refere o também vice-presidente do município.
Confrontado pelos jornalistas, Vergílio Bento revelou que a Warner/Lusomundo não pôs de parte continuar na Guarda, mas apresentou exigências «inaceitáveis» para a autarquia, à qual caberia suportar os prejuízos financeiros de exploração do Cine-Estúdio, melhorar o espaço ou mesmo arranjar um patrocinador. «Era surrealista a Câmara arranjar um mecenas para uma actividade da PT [casa-mãe da Lusomundo] quando esta empresa gasta milhões em apoios e patrocínios», sustentou o vereador. Por outro lado, responsabilizou a concessionária pela falta de público, recordando que o contrato de exploração estabelecia a «obrigatoriedade» de estreias nacionais todos os meses. «O que tem acontecido é que os filmes chegam à Guarda com um mês de atraso e as pessoas não estão dispostas a esperar tanto tempo com as salas que já existem nas cidades vizinhas», considerou, admitindo que também ele já foi à Covilhã e encontrou «muitos guardenses» nos cinemas do Serra Shopping.