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Câmara obriga suinicultura de Vila do Carvalho a encerrar

Autarquia covilhanense impediu a passagem de camiões na estrada de acesso à unidade agro-pecuária

Desde quinta-feira passada que a Câmara da Covilhã está a impedir a circulação de camiões na estrada de acesso à suinicultura de Vila do Carvalho, na Covilhã, por esta constituir um «grave foco de poluição», justificou Carlos Pinto. A medida decretada pela autarquia covilhanense surge na sequência da vontade expressa em Junho pelo autarca de encerrar aquela unidade após terem sido encontrados em Fevereiro passado cerca de 20 suínos enterrados numa vala comum e pelo facto da empresa não estar a respeitar as regras de saúde e higiene públicas.

A proibição foi decidida com a base legal de que «a estrada não tem condições para a circulação de veículos com tonelagem superior a três toneladas e meia», acrescentou Carlos Pinto, reconhecendo, no entanto, que a medida tem por objectivo levar ao fecho da suinicultura por esta estar a poluir os lençóis freáticos na área do Parque Natural da Serra da Estrela. «A armazenagem dos resíduos líquidos é feita a céu aberto, sem qualquer isolamento em relação aos lençóis freáticos», disse, para além de continuarem a ser lançados «esgotos para a ribeira» que atravessa a empresa agro-pecuária e por surgirem diariamente «cheiros e uma névoa de insectos» que afectam a população local.

Com o impedimento de circulação de camiões naquela estrada, a suinicultura deixa de ter condições para continuar a sua actividade. «Esperamos que o proprietário entenda que não há tolerância para aquele crime ambiental», acrescentou o edil, que acusa ainda o dono da empresa de «aproveitar as fragilidades da lei para a manter em funcionamento».

A empresa continuou em actividade com cerca de três centenas de animais apesar de terem sido instaurados inquéritos e contra-ordenações pela Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI), Direcção-Geral de Saúde e a CCDRC. Todas alegam que a suinicultura tem vindo a cometer várias irregularidades e infracções. Entre as várias acusações está o facto de funcionar com um sistema de descarga de efluentes prejudiciais para o domínio hídrico, mas também as más condições de tratamento dos animais no armazém. Em Maio, o executivo covilhanense tinha dado até ao final de Julho para a empresa agro-pecuária resolver todos estes problemas e começar a trabalhar com todas as regras de salubridade e higiene exigidas por lei. Contudo, numa visita posterior ao local, Carlos Pinto disse estar «surpreendido» com a evolução da poluição naquela zona. «É um foco de poluição que prejudica o bem-estar e saúde das pessoas», sublinhou na altura, acrescentando que «se o encerramento não acontecer pela própria empresa será por vontade da Câmara». “O Interior” tentou contactar os responsáveis da empresa, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

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