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Câmara da Guarda vai requalificar eixo entre a Misericórdia e o Jardim José de Lemos

Vereadores socialistas estranham prazos do concurso público para apresentação de propostas e desconfiam que vencedor já esteja escolhido

A Câmara da Guarda quer requalificar o eixo urbano entre o Largo da Misericórdia, envolvente da Torre de Menagem e o Jardim José de Lemos e abriu o respetivo concurso público para a conceção do projeto, que também vai abranger o parque municipal. A deliberação foi tomada por maioria na reunião do executivo de segunda-feira sob as críticas da oposição socialista, que se absteve.

A intervenção destina-se a tornar aquela zona «mais atrativa» para turistas e residentes, declarou o vice-presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro, que dirigiu a sessão na ausência do autarca Álvaro Amaro. O procedimento para a execução do estudo prévio e do projeto de arquitetura tem o valor base de 170 mil euros mais IVA. «É essencial requalificar o centro da cidade. Queremos dinamizar a economia e queremos trazer mais turistas à Guarda, queremos fixar mais gente. Por isso, também temos que criar mais atratividade, que tem de obedecer a um planeamento, daí este concurso», referiu Carlos Chaves Monteiro aos jornalistas, no final da reunião. O vice-presidente acrescentou que «sem planeamento, sem estudos, sem sabermos quais são as melhores soluções para este eixo urbano não podemos tomar decisões».

Segundo o autarca, a requalificação prevista «vai incluir uma nova organização do trânsito, o alargamento das áreas pedonais, a criação de zonas de convivência, espaços ajardinados, com o objetivo de tornar o espaço público mais bonito, mais confortável para as pessoas poderem passear e fazer as suas compras». O vice-presidente referiu ainda que se pretende que esta intervenção seja «do gosto dos guardenses» e que o objetivo é «reforçar a atratividade» desta zona central para que também os turistas possam visitar o património ali existente, nomeadamente a Igreja da Misericórdia e a Torre dos Ferreiros. «Temos que recuperar o tempo que se perdeu no espaço urbano», sublinhou Chaves Monteiro.

Contudo, o assunto não foi pacífico. Os dois eleitos do PS abstiveram-se na votação da proposta porque discordaram dos prazos previstos para a apresentação das propostas. Para Joaquim Carreira, o documento define que o estudo prévio deverá ser apresentado no prazo máximo de dez dias após a abertura do concurso, enquanto a entrega dos projetos deverá ocorrer em 15 dias, o que é «manifestamente insuficiente» para a elaboração de «um projeto sério». O também arquiteto disse aos jornalistas que os eleitos da oposição laçaram «o repto para alongar estes prazos 25 e 30 dias, respetivamente, para que os concorrentes pudessem prestar um bom serviço e propor um bom projeto de recuperação destas áreas». Mas a sugestão foi recusada porque «o caderno de encargos cumpre os prazos legais e as normas adequadas», respondeu Carlos Chaves Monteiro, sublinhando que «o mercado vai ser o juiz desta situação».

No entanto, perante esta irredutibilidade da maioria, o socialista desconfia que o vencedor do concurso público já esteja escolhido. «Com estes prazos, só é possível concorrer com um projeto de intervenção que já esteja pensado antecipadamente, que já esteja feito», afirmou Joaquim Carreira. O socialista também acusou a maioria de «eleitoralismo bacoco» ao promover uma excursão de idosos a Braga para comemorar o Dia Internacional do Idoso, que se assinalou no passado dia 1, na véspera das legislativas. Chaves Monteiro respondeu que participaram 350 pessoas e que «todos gostaram do passeio», mas que não foi a autarquia que escolheu o dia para a efeméride.

Luis Martins

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