Há mais um ajuste direto na Câmara da Guarda. Desta vez, o executivo deliberou, por maioria, contratar a aquisição de serviços de produção e disponibilização de conteúdos audiovisuais por 36 mil euros. O convite foi feito a uma única entidade, cujo nome não foi revelado na reunião de Câmara da passada segunda-feira, mas deverá tratar-se da Localvisão, entidade que, curiosamente, apresentou nesta sessão o seu relatório de atividades relativo ao ano anterior – e pelas quais o município tem vindo a pagar mensalmente dois mil euros.
A decisão teve os votos contra dos vereadores do PSD, com Rui Quinaz a perguntar, mais uma vez, se não haverá técnicos nem recursos na Câmara para fazer o serviço. «Mas tem 36 mil euros para pagar», criticou, estranhando que no mesmo dia o executivo tenha tomado conhecimento do relatório de atividades da Localvisão. «Há uma utilização política da Localvisão como contrapartida dos apoios concedidos», admitiu, constatando que dessa situação resulta «uma concorrência desleal relativamente a outra webtv da cidade [ointerior.tv]». Graças a este ajuste direto, aquela empresa passa a cobrar cerca de 3.000 euros por mês pela cobertura dos acontecimentos organizados pelo município. Nesta reunião, o executivo também deliberou avançar com a elaboração de um novo Plano Estratégico, num serviço que vai custar 29 mil euros. Para Joaquim Valente, «é premente que esta revisão se faça, porque a Guarda de hoje não é a mesma de há 20 anos, além de ser necessário avaliar o impacto que o Plano Estratégico de 1995 teve na cidade».
O edil acrescentou que o novo documento vai ter em conta «a visão de futuro que os cidadãos, empresas e instituições têm da Guarda», pois será dos contributos «de todos que o novo Plano vai nascer», sublinhou. O documento deverá estar pronto nove meses após a adjudicação da sua elaboração. O social-democrata Rui Quinaz admitiu que possa fazer «algum sentido» rever o Plano Estratégico, mas «não na atual situação de contingência» em que vive a autarquia. Por outro lado, considerou que o Plano em vigor «ainda é válido, até porque algumas das suas recomendações continuam por cumprir». O executivo foi ainda confrontado por uma dívida de 61 mil euros exigida pelo arquiteto João Rafael pela elaboração do projeto de remodelação do Hotel Turismo em 2006. O presidente do município referiu que «a dívida existe, é reconhecida», mas esclareceu que a autarquia «nunca recebeu nenhuma fatura». Disse também discordar do valor de juros de mora reclamado (18 mil euros): «Vamos ver se é isso que temos que pagar», declarou.
A propósito do Hotel Turismo, declarou que «nunca teve dúvidas» do pagamento dos últimos 1,7 milhões de euros pelo Turismo de Portugal, mas acrescentou que ainda não deram entrada na Câmara «quaisquer projetos» para a remodelação do imóvel. Já Rui Quinaz sugeriu que esse dinheiro deve destinar-se «prioritariamente ao pagamento das dívidas às Juntas de Freguesia com dívidas contestadas em tribunal». O social-democrata confirmou ainda que a acta da reunião de 20 de fevereiro relativa à compra do edifício do “Bacalhau” foi aprovada pelos eleitos da oposição na segunda-feira. «As nossas declarações sobre a aquisição vieram transcritas conforme tínhamos solicitado e na íntegra», afirmou.
Luis Martins