Em tempo de aperto do cinto, a Câmara da Guarda abriu os cordões à bolsa para comprar o edifício onde funciona a Escola Profissional da cidade, num negócio que terá rendido cerca de 1,5 milhões de euros à Gonçalves e Gonçalves. Nos últimos anos aquele espaço ter-se-á revelado uma verdadeira mina para os proprietários, já que a autarquia começou por pagar uma renda de 2.500 euros, mas como não adquiriu o edifício no final do primeiro ano essa mensalidade subiu para 12.500 euros até à concretização da compra – acertada no final de fevereiro –, segundo um contrato celebrado entre a autarquia e os donos do imóvel.
Antes disso, a autarquia já ali tinha gasto mais de 200 mil euros nas obras de adaptação nos dois pisos disponíveis. No total, desde 2009, data da instalação da Escola Profissional no antigo “Bacalhau”, a Câmara terá desembolsado mais de 400 mil euros para garantir o funcionamento daquela instituição de ensino privado gerida pela Ensiguarda – cooperativa nascida em 2002 de uma parceria entre a então Associação de Beneficência Augusto Gil e a Associação Comercial da Guarda, às quais se juntou em 2006 a Câmara. Até agora, o município e o ministério da Educação têm sido os principais financiadores deste projeto de ensino profissional, não tendo nunca sido divulgados os custos para os restantes parceiros. Neste caso, a compra do “Bacalhau” só terá sido possível graças à venda do Hotel Turismo, por 3,5 milhões. Segundo O INTERIOR apurou, o negócio aconteceu à razão de 400 mil euros por andar, mais 500 mil pelo rés-do-chão, onde funcionava uma empresa de medicina do trabalho, que já desocupou o espaço. Além do dinheiro, o grupo empresarial poderá ainda construir um prédio de apartamentos de três andares no logradouro do antigo “Bacalhau”. Fica assim resolvido o principal problema do projeto da Ensiguarda, a falta de instalações.
«Estamos a investir num equipamento com retorno direto e indireto para a economia local»
«Esta compra justifica-se, pois o ensino profissional era um objetivo da Câmara da Guarda e uma ambição dos guardenses. É um projeto que vai consolidar o futuro da cidade», começa por dizer Joaquim Valente, que adianta que a Ensiguarda não vai pagar qualquer renda pelo uso do espaço. «É uma questão social, pois estamos a investir num equipamento com retorno direto e indireto para a economia local», justifica. De resto, o presidente da Câmara recorda que «sempre foi responsabilidade da autarquia disponibilizar instalações desde que a escola fosse criada e estivesse a funcionar, pelo que estamos a cumprir a nosso compromisso». Escusando-se a confirmar o valor da aquisição, Joaquim Valente acrescenta que esta decisão também vai «enriquecer o património municipal»e confirma que a venda do Hotel permite a compra do “Bacalhau”. «A Escola Profissional está ali por falta de alternativa. No início, funcionava na ESTG do Politécnico, que era, a meu ver, a localização ideal, mas não houve esse entendimento por parte dos responsáveis do IPG», lamenta.
O autarca sublinha que o projeto já proporciona «uma oferta formativa de qualidade e tem uma abrangência territorial significativa a outros concelhos e distritos. Com a futura escola de Turismo, a Guarda terá uma dinâmica interessante em termos de ensino profissional, podendo acolher cerca de 600 alunos nestas duas escolas, com benefícios claros para a cidade». A Escola Profissional da Guarda começou a funcionar no ano letivo de 2006/07 em instalações cedidas provisoriamente pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG. Mudou-se para o “Bacalhau” em Janeiro de 2009 após desentendimentos com a direção da ESTG, então sob a responsabilidade de Constantino Rei. É uma escola privada na área das Novas Tecnologias de Informação, Multimédia, Serviços Jurídicos. O projeto foi anunciado em 2002, mas não avançou logo por falta de apoio financeiro por parte do Ministério da Educação e por falta de instalações.
Luis Martins
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