O processo de aquisição da antiga cooperativa da cestaria de Gonçalo conheceu na semana passada um empurrão decisivo com a atribuição de um apoio de 150 mil euros (30 mil contos) por parte da Câmara Municipal da Guarda. Agora, e garantida aquela que será uma «parte muito significativa» para a compra do imóvel, Pedro Pires, presidente da Junta de Freguesia gonçalense, vai reunir mais uma vez com o proprietário do edifício, que numa primeira fase poderá «servir de apoio» à criação de micro-empresas.
Pedro Pires indica que a Junta solicitou o apoio da autarquia porque «sozinhos não temos meios financeiros» para avançar na aquisição da antiga cooperativa. De resto, as negociações com o proprietário estão a decorrer e este ainda não terá estabelecido um valor definitivo: «Estamos numa fase de negociação com o proprietário porque não é fácil chegar a um acerto, uma vez que é um imóvel com algum valor e, se calhar, a Junta não tem disponível a verba que o proprietário imagina, ou pelo menos pede», diz o jovem autarca. A compra do edifício é tida como «essencial» para o desenvolvimento de todo um projecto de «revitalização» do artesanato, sublinha, mas nem o facto da Junta ter solicitado um apoio de 210 mil euros à autarquia e esta só ter disponibilizado 150 mil abala o optimismo de Pires, uma vez que «atendendo às dificuldades financeiras da Câmara, não me posso queixar», salienta. «A autarquia deliberou a verba possível e como tal só posso agradecer a ajuda. Naturalmente que se viesse mais, nos facilitaria mais e nos dava maior poder de negociação, mas uma vez que foram 150 mil euros, sinto-me verdadeiramente satisfeito», realça o autarca. A tal ponto que a verba atribuída é como que «a maneira encontrada pela Câmara para dizer aos gonçalenses que está com o projecto da cestaria», considera.
O montante até agora reunido pela Junta para este objectivo ronda os 2.500 euros, resultantes da venda dos cestos feitos na Grande Oficina de Cesteiros que decorreu em Agosto, durante o IV Festival de Cultura Popular da vila. O imóvel poderá «num primeiro momento» servir de apoio à criação das micro-empresas, antes de ser o Museu dos Cesteiros, naquele que será um «projecto inovador», que pode passar por um «espaço interactivo» onde os artesãos irão trabalhar ao vivo, vender os seus produtos e realizar exposições permanentes sobre o artesanato e outros aspectos importantes da vila, indica.
Criação de micro-empresas pode avançar em Janeiro
O processo de criação de micro-empresas em Gonçalo poderá conhecer novos desenvolvimentos na próxima terça-feira, data em que Pedro Pires e Maria do Carmo Borges irão reunir-se com Ana Pires, técnica da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e coordenadora do projecto da criação dasmicro-empresas. «Vamos debater a fundo o projecto e poderão sair as linhas mestras para conseguimos desencadear todo o processo até Dezembro para que em Janeiro de 2004, possamos ter as condições reunidas para constituir as primeiras micro-empresas dos nossos artesãos», deseja o presidente da Junta. Quanto aos artesãos gonçalenses encontram-se «expectantes» quanto à «melhor forma de financiamento», uma vez que se está a falar de um projecto que precisa «obviamente de fundos comunitários», frisa. De resto, Ana Pires «conhece, como ninguém, os caminhos a seguir», uma vez que já coordenou um processo semelhante numa freguesia junto a Coimbra e que foi «coroado de êxito». E citando a própria, Pedro Pires sonha que em Gonçalo possa haver «um êxito tão grande ou ainda maior».
Ricardo Cordeiro