O “call center” da Adecco na Guarda está inativo há uma semana, tendo os seus trabalhadores sido mandados para férias após as quais vão terminar os respetivos contratos. Tudo porque o Centro de Suporte a Clientes e Negócios instalado no pavilhão do parque municipal perdeu o seu principal cliente – um operador de serviço de televisão por satélite.
Em causa estão cerca de duas dezenas de postos de trabalho. A Adecco, através do seu gabinete de marketing, garantiu a O INTERIOR que não fechou o centro da Guarda e que está «apenas a reestruturar os clientes que possui e que estavam afetos» a esta unidade. A empresa confirma também que cessou os contratos dos seus colaboradores, isto porque a sua continuidade «não seria viável» após a saída daquele cliente. Contudo, adianta que «neste momento» está a negociar com diversos clientes para que «todos os postos de trabalho sejam repostos». A Adecco acrescenta ainda que «não irá deixar de utilizar as instalações do pavilhão», pois espera conseguir «transferir para a Guarda o atendimento das linhas de várias empresas». A decisão foi previamente comunicada à autarquia, numa reunião realizada há algumas semanas.
«Temos a garantia de que a empresa vai manter-se na Guarda, sendo esta uma situação transitória até ser encontrada uma nova atividade para o centro», disse Vítor Santos. O vereador responsável com o pelouro das atividades económicas referiu igualmente que o «“call center” funcionará em função dos projetos contratados», adiantando que atualmente empregava «entre 20 a 22 pessoas, que trabalhavam por turnos». É um desfecho pouco abonatório num caso polémico. Em setembro de 2009, a poucas semanas das autárquicas, a Adecco e Joaquim Valente anunciaram a instalação na cidade de um “call center” que deveria criar 250 postos de trabalho até 2012. A multinacional suíça tencionava investir mais de 800 mil euros no projeto, enquanto a autarquia suportou as obras de adaptação do pavilhão do parque municipal, que custaram cerca de 450 mil euros. Este investimento seria depois debitado à empresa sob a forma de renda, mas com dois anos de carência.
Como o “call center” foi inaugurado em fevereiro de 2010, isto quer dizer que a Adecco só pagou ainda três meses de renda à autarquia. De resto, a realidade do projeto nunca teve nada a ver com os números anunciados. No dia da inauguração do serviço, o director-geral da Adecco sublinhou que o número inicial de 25 trabalhadores poderia «triplicar até ao Verão». Visivelmente otimista, Paulo Canôa prometeu mesmo que a empresa conseguiria «criar os 250 empregos num horizonte temporal de dois anos, isto numa perspetiva cautelosa», disse na altura. Só que, oito meses depois, já tinha menos de 20 funcionários. Em novembro de 2010, Joaquim Valente reconhecia que estava «aquém daquilo que era expectável neste ano, embora haja previsões da evolução do número de trabalhadores nos anos seguintes».
Luis Martins
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