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«Cada Câmara que o PSD ganhe menos conseguido está o objectivo do PS»

Entrevista a Álvaro Amaro, presidente da Distrital do PSD da Guarda

P – Depois da vitória nas europeias, qual é a meta eleitoral nas legislativas?

R – Há uma velha máxima que diz que, em eleições, o objectivo é sempre ganhar e um partido com a responsabilidade do PSD tem sempre isso como meta. É claro que trabalhará para ter o maior número possível de votos porque o nosso objectivo é contribuir para a vitória nas eleições legislativas e eleger, neste caso, uma nova primeira-ministra, uma pessoa com responsabilidade e capacidade e que tem um projecto diferente para o país.

P – Mas a expectativa é maior após a vitória nas europeias?

R – Temos consciência que são eleições com características diferentes e, por isso, não embandeirámos em arco após ganhar as europeias. O PSD tem trabalhado com uma linguagem de verdade, com projectos distintos e um novo rumo para o país. Ao fim de quatro anos e meio, bem podem o PS e o engenheiro Sócrates querer fazer comparações com os quatro anos anteriores, mas se fossemos por aí o PSD tinha que fazer as comparações dos últimos 14 anos, em que o PS teve mais de dois terços do Governo. Isso não adianta nada. O que adianta numas eleições é, por um lado, julgar quem exerceu o poder e, por outro, perspectivar quem dá mais e melhores garantias para salvaguardar o futuro de todos. É isto que está em disputa no dia 27. Acho que os portugueses percebem que comparar uma pessoa que foi primeiro-ministro quatro anos e meio com outra que foi ministra é completamente diferente. O que importa é analisar e julgar a acção do Governo.

P – E nas autárquicas?

R – O PSD é maioritário em 10 das 14 Câmaras do distrito. Sobre isto, tenho sempre uma história da minha primeira passagem como presidente da Distrital, quando havia sete autarquias do PS e sete do PSD. Na altura, disse que o nosso objectivo era desempatar. O PS da Guarda de então tanto foi forçado que acabou por dizer que o objectivo era 10 para eles e 4 para nós. Acabou por ser 9-5 para o PSD. Agora não caio nessa tentação. Fiel ao que disse anteriormente, o nosso objectivo é lutar em cada concelho para vencer, como também o será no PS. Aliás, quando apresentaram os seus 14 candidatos, li nos jornais que disseram que era para ganhar todos, de modo que o objectivo do PS está traçado: ganhar 14 e ficar, por isso, em 14-0. Cada um tem a sua meta. A minha, por exemplo, é ganhar Gouveia, como estou seguro.

P – Se o PS ganhar as legislativas no distrito, será uma derrota de Álvaro Amaro?

R – Não. Porquê? Será uma derrota do PSD seguramente e de todos os seus militantes. Se tal acontecesse, tenho a certeza que nenhum abriria o champanhe nessa noite.

P – O que diria a Francisco Assis se o encontrasse na rua?

R – Isto não tem nada a ver com a pessoa de Francisco Assis. Quase me atreveria a dizer que o primeiro a ficar surpreendido – e, se calhar, de boca aberta – ao ser indigitado cabeça-de-lista pela Guarda terá sido o próprio. Não acredito que o seu grande sonho tenha sido este. Se ficou “de boca aberta”, então imagine-se como terá ficado a população do distrito. Disse que me sentia chocado e espero que esse choque passe para o maior número possível de gente do distrito. É um desprezo pelas pessoas e os partidos políticos têm ajudado a essa falência ao longo destes anos. Fui cabeça-de-lista pela Guarda em duas legislaturas e nunca aceitei nenhuma pessoa de fora, agora que tive a responsabilidade, sem ser candidato a deputado, não aceitei ninguém de fora. Francisco Assis não precisa de sair do Porto ou de Amarante para estar eleito deputado pela Guarda. Alguém na Guarda acredita que, depois de eleito, ele levante um dedo ou a voz para defender o quer que seja para o interior e, em particular, para o distrito da Guarda? Espero que, no tal julgamento que devemos fazer dia 27, o PS seja avaliado por aquilo que não fez e pela falta de respeito político para com os guardenses, por ter desprezado as pessoas e os militantes do PS, que certamente defenderiam melhor os interesses do distrito. Aceitar pessoas de fora é um atestado de menoridade aos guardenses, qualquer que seja o seu partido. Para mim, esta questão é muito, muito importante. Não tem nada a ver com as pessoas, mas com o sistema politico. Estou muito satisfeito por o PSD ter uma lista formada por gente de cá e com preparação e desejos de bater o pé na Assembleia da República – disso tenho a certeza.

P – Nas autárquicas, é possível o PSD ganhar mais Câmaras no distrito?

R – Entendo que sim.

P – Onde?

R – Não quero particularizar. Quase todos os dias falo com companheiros meus, candidatos nos respectivos municípios, e a cada passo verifico o seu ânimo. Não é para fugir à resposta, mas também não direi, como o PS, que o objectivo é ganhar 14 Câmaras. De modo que na noite das autárquicas, cada Câmara que o PSD ganhe aos 14-0, menos conseguido está o objectivo do PS. Não é menos ambição, pois temos uma grande ambição, mas acho que ela deve ser devolvida a cada candidato e é cada um deles que, no seu município, tem que procurar vencer.

P – Acha que algum dia o PSD vai ganhar a Câmara da Guarda?

R – Algum dia? Seguramente que há-de ganhar a Câmara da Guarda. Disso não tenho nenhum tipo de dúvidas.

P – O que tem faltado para que isso aconteça?

R – As pessoas da Guarda, em geral, têm sentido descontentamento ao longo dos últimos anos e não me estou a referir apenas a este mandato, nomeadamente à perda do seu grande potencial de liderança na chamada região da Beira Interior, designação de que não gosto. Gosto muito da palavra interior, ao contrário do que se possa imaginar, pois acho que as palavras interior e interioridade têm de ser cada vez mais um grande capital que temos procurar valorizar. Mas a Guarda tem perdido sucessivamente esse capital de polarizador nessa tal região de uma maneira muito clara e até no contexto distrital. Actualmente, se os treze autarcas quiserem responder sinceramente, nenhum sente esse poder de capitalidade da Guarda. Esse é um património político que a Guarda tem que recuperar e se o fizer no contexto do distrito facilmente o recupera no contexto da região. Diria que, a curto/médio prazo, tem de recuperá-lo para ter uma voz activa na chamada região Centro, que é a verdadeira região que defendo.

P – Mas acredita, ou não, que é desta que o PSD vai ganhar a Câmara da Guarda?

R – Em cada momento o PSD tem que acreditar que pode ganhar a Câmara da Guarda.

P – Carlos Peixoto como cabeça-de-lista às legislativas é a antecâmara para que seja candidato à Câmara de Gouveia em 2013?

R – Não é ante para nada. A política dá tanta volta em quatro anos que imaginar-se agora o que vai acontecer em 2013 só Deus sabe. Contudo, não tenho dúvidas em afirmar que Carlos Peixoto, porque o conheço muito bem e sei das suas enormíssimas capacidades pessoais, profissionais e políticas, vai ser um grande quadro político do distrito.

P – Disse recentemente que vai ser adversário dos deputados que optarem por seguir as orientações do partido em vez de defenderem os interesses do distrito. Quer concretizar melhor esta ideia?

R – Sendo o PSD o Governo que sair das eleições de dia 27, não aceitarei que os sociais-democratas eleitos pela Guarda sejam apenas os deputados do “yes man”, do acenar. Se discordarem de algo que o Governo esteja a fazer mal ao interior, ou não está a fazer aquilo que podia pelo distrito da Guarda, quero que manifestem a sua objecção. Serei adversário nesse sentido e espero o mesmo do PS. Não é estarmos com megalomanias e com coisas só porque podem render votos, é preciso que os políticos tenham um desapego do poder e não estejam agarrados à cadeira a pensar que se forem contra as orientações perdem o poder. Há na Comunidade Europeia a chamada Declaração do Interesse Vital, pois acho que, no interior em geral e no meu distrito em particular, temos de caminhar cada vez mais em prol do chamado interesse vital.

Comentários dos nossos leitores
JMR afonso.marques.miguel@gmail.com
Comentário:
Não sei onde é que este oportunista tem a cabeça. Ele só quer a tal “região centro” para ver se mantém o tacho que lá tem há 30 anos, e para o qual anda a lamber as botas a Coimbra há décadas. Para a Guarda, ele não quer nada… A única região da Guarda, a única região onde a Guarda se pode afirmar e evoluir, constinuindo uma centralidade regional, chama-se Beira Interior. Ou Álvaro Amaro acha que a Guarda, e mesmo Gouveia, numa “região centro”, vai contar para alguma coisa? Vamos ser explorados até mais não, com Coimbra a gerir os fundos comunitários que são nossos por direito! Abram os olhos, guardenses! Vejam quem têm à vossa frente! Temos de por este impostor na rua o mais depressa possível!
 
canova canovacoelho@gmail.com
Comentário:
Vai ganhar o PSD sim senhor.Eu vou votar PSD. Como ganhar um governo que em quatro anos e meio nada fez.Palavreado e mais palavreado é o que eles sabem fazer.Só os inocentes ´que votam num partido destes.Fábricas fechadas,desemprego galopante,economia e finanças de rastos,36000000e/dia do buraco financeiro.Falam em modernidade de quê?O país está no bom caminho.É isto que ouvimos.Só que a coisa està mal mesmo muito mal.
 

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        conseguido está o objectivo do PS»

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