Joaquim Brigas, director da ESEG e candidato derrotado por Jorge Mendes na passada quinta-feira, poderá impugnar as eleições para a presidência do Instituto Politécnico da Guarda com base, nomeadamente, nos cadernos eleitorais elaborados pelo presidente do IPG, que se recandidatou. O assunto está a ser tratado por um jurista, mas o professor adianta que há uma «forte» hipótese de tal acontecer. A ameaça paira agora sobre um dos processos eleitorais mais disputados da história do Politécnico, já que o vencedor da primeira volta (Brigas) perdeu na segunda por três votos de diferença em relação a Jorge Mendes. Uma reviravolta que aconteceu pela primeira vez numa eleição no IPG.
A primeira votação acabou por repartir os votos pelos três candidatos, mas penalizando claramente o presidente do Instituto. Joaquim Brigas obteve 41 escrutínios, seguido de Jorge Mendes (39) e Constantino Rei (20), um resultado que surpreendeu tudo e todos. Mesmo assim, o director demissionário da ESTG foi eliminado da corrida, faltando saber para que lado reverteriam os seus votos. Estranhamento ou não, a maioria dos
apoiantes do mais recente contestatário de Jorge Mendes acabou por preferir a continuidade no segundo “round”, numa transferência que ditou a vitória do presidente cessante (51 votos) e a segunda derrota “in extremis” de Joaquim Brigas (48). Registo ainda para um único voto branco. No final, o director da ESEG disse não se sentir derrotado tendo em conta os resultados. «Não percebo como é que Jorge Mendes conseguiu uma diferença tão pequena para quem está no poder. Isso significa que há de facto um enorme descontentamento», considerou, sublinhando ter ficado demonstrado nestas eleições que «quem está no sistema parte sempre com alguma vantagem». Uma alusão às inerências e, sobretudo, ao facto dos representantes da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações (ESTT), de Seia, ainda em regime de instalação, terem sido «nomeados» pelo presidente.
Joaquim Brigas espera agora que o presidente reflicta sobre estes resultados e retome o «caminho do diálogo e de desenvolvimento do Politécnico, sobretudo ao serviço da Guarda e não em prejuízo desta em benefício de outras áreas». Mesmo assim, o professor receia que o futuro do IPG não seja melhor, a começar, desde logo, pela tão propalada Escola Superior de Saúde. «Tenho cada vez mais dúvidas de que ela se torne realidade na Guarda por causa da forma como as coisas foram conduzidas», afirma, garantindo que se tem trabalhado mais para o «”show-off”» nesta matéria do que para conseguir a sua criação. «Infelizmente para nós, ela é imprescindível para a Guarda e naturalmente que alguém tem que assumir as suas responsabilidades e não passar a vida a atirar as culpas para os ministros, Governadores Civis e presidentes de Câmara». Mais tranquilo, Jorge Mendes confessou esperar este resultado mas não a votação, na medida em estimava obter entre 55 a 58 votos. «O que interessa é que o eleitorado voltou a votar em Jorge Mendes», realçou o vencedor, que já disse esperar fazer um segunda mandato «tão bom ou melhor que o primeiro». Para tal, mantém a actual equipa dirigente com Amarelo Fernandes como vice-presidente e Martins Afonso no lugar de administrador dos Serviços de Acção Social.
O presidente reeleito recusa ainda fazer leituras da votação e refuta as críticas dos seus adversários e garante que, no caso de Brigas, elas só aconteceram porque «nunca aceitou a derrota de 2001 desde a primeira hora». De resto, realça com alívio que o mandato do director da ESEG vai terminar em Outubro e que este não se poderá recandidatar novamente. «Se houver “brigas”, serão por muito pouco tempo», ironiza Jorge Mendes, que promete ser «muito mais interventivo» nas escolas. Outras questões «prioritárias» deste mandato serão os novos estatutos do IPG, após a aprovação da nova lei da autonomia, mas também novos cursos, contratos-programas ou a Escola Superior de Saúde. Para Nuno Silva, presidente da Associação Académica, este também era o resultado esperado, dizendo aguardar agora que os três intervenientes nesta eleição se entendam para o bem do Politécnico.
Luis Martins