«Os bombeiros da Guarda não podem ser tratados pela Câmara como se fossem um clube ou qualquer associação». A chamada de atenção é do presidente da Associação Humanitária dos Voluntários Egitanienses, que celebrou 136 anos no último domingo. No seu discurso, Luís Borges justificou por que é a corporação tem que ter um tratamento diferenciado em termos de apoios e apelou à autarquia para «que não faça como em 2012, em que não pagou qualquer verba à associação, mas apenas liquidou parte da dívida dos três anos anteriores».
Numa intervenção objetiva, o dirigente avisou que se o problema do financiamento não for resolvido estará em risco a operacionalidade da corporação. O município foi o principal destinatário das críticas: «Legalmente, os primeiros responsáveis pela proteção civil não são os bombeiros, são as Câmaras Municipais, mas estas não apoiam condignamente o serviço prestado. Concedem subsídios, como se de um favor se tratasse, e que pode não ser atribuído», lamentou. Para alterar esse estado de coisas, Luís Borges revelou ter enviado à autarquia um estudo sobre o financiamento das três corporações existentes no concelho e que, na sua opinião, contém as bases para se celebrar um protocolo de prestação de serviços e «pagamentos mais equitativo» aos bombeiros da Guarda, Gonçalo e Famalicão. A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) também não escapou às críticas, sobretudo pelo «tratamento discricionário na atribuição de viaturas» e pelos «critérios duvidosos na distribuição de apoios mensais».
Para Luís Borges, «não há sistema de proteção civil que possa prescindir dos bombeiros, o exército mais barato que há». Contudo, a alteração do regime de transporte de doentes não urgentes põe em risco a sustentabilidade das associações humanitárias. «É um serviço de extrema importância, não só em termos financeiros, mas também para a operacionalidade dos corpos de bombeiros, pois a sua redução levará à diminuição da capacidade operacional das corporações, que terão que despedir pessoas qualificadas por não terem serviços para fazer», afirmou. De resto, a este propósito, Luís Borges disse estar contra a marcação de uma greve – entretanto desmarcada – pela Liga, declarando não se rever numa atitude «corporativista» para resolver este problema. «Nós estamos cá para servir e auxiliar as pessoas, que esperam isso dos bombeiros e não outra coisa», acrescentou. O presidente revelou depois alguns dados da atividade da corporação, pois «os bombeiros estão aqui 24 horas por dia, durante todo o ano e não só no verão para combater os fogos».
Assim, em 2011, os voluntários guardenses responderam a 3.953 ocorrências (incêndios e acidentes), efetuaram 2.748 serviços INEM e 2.833 transportes de doentes não urgentes, tendo sido percorridos 700 mil quilómetros. «São números que se repetiram no primeiro semestre deste ano», garantiu, lembrando que a associação tem 26 elementos profissionais e mais de 100 bombeiros em regime de voluntariado. Nesta cerimónia foram homenageados o antigo presidente da direção Álvaro Guerreiro, que recebeu a medalha de honra e mérito da Associação Humanitária, enquanto o advogado António José Batista Monteiro e o ex-comandante Luís Santos tiveram direito a um louvor público pela sua «dedicação e disponibilidade» para com a instiuição.
Carro de combate a incêndios urbanos entrou ao serviço
O aniversário dos voluntários da Guarda fica marcado pela entrada ao serviço de um veículo de combate a incêndios urbanos e industriais, equipado com a última tecnologia existente em Portugal. Custou 214 mil euros, comparticipados pelo QREN, tendo a Associação Humanitária custeado 74 mil euros com fundos próprios. «Este carro é absolutamente indispensável para a cidade», disse Luís Borges.