A Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda denunciou, na semana passada, a «militarização» da coordenação distrital do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), cujo segundo comandante vai ser um oficial do Exército actualmente a prestar serviço em Tancos. O capitão Mário Martinho está nomeado há 15 dias, mas ainda não tomou posse nem está ao serviço na Guarda.
O caso vai ser analisado numa reunião geral extraordinária convocada para hoje, mas entretanto o presidente já veio criticar o método: «Discordamos do processo encontrado pela tutela para que alguns militares ou para-militares sejam colocados em lugares de comando ou coordenação que os nossos bombeiros deveriam ocupar, pelo seu saber, experiência, dignidade e dinamismo já amplamente demonstrado», sublinha Madeira Grilo, em comunicado. O documento veio oficializar a indignação que grassa nas fileiras dos voluntários, mas que muito poucos têm assumido publicamente. Tudo porque o coordenador António Fonseca foi reconduzido num cargo que ocupa há oito anos. «O caso da Guarda é menos grave, porque é o segundo comandante, mas esta militarização não deixa de ser preocupante», considera Sérgio Cipriano, bombeiro de Gouveia, estranhando que o nomeado seja familiar do primeiro comandante.
O também coordenador do site bombeirosdistritodaguarda.com já pediu esclarecimentos ao SNBPC e garante que três comandantes operacionais do distrito reuniam condições para o lugar. «Foram ultrapassados por uma pessoa que não tem qualquer formação em Protecção Civil e muito menos no combate a incêndios», refere, ameaçando dinamizar um movimento «contra a militarização dos bombeiros no distrito». Por outro lado, os “soldados da paz” desconfiam António Fonseca «se vá embora», deixando no lugar de primeiro comandante o capitão Mário Martinho. «Esta eventualidade não agrada nada aos nossos bombeiros», garante.
