À semelhança do no ano passado, o presidente dos Bombeiros Voluntários Egitanienses não “poupou” a Câmara da Guarda durante a cerimónia comemorativa do 137º aniversário da Associação Humanitária, assinalado no último domingo. Presente na sessão solene, o ministro da Administração Interna entregou à instituição a medalha de mérito de proteção e socorro, grau ouro e distintivo azul.
Na sua intervenção, Luís Borges garantiu que manter um corpo de bombeiros «capazes de fazer face às solicitações com que diariamente são confrontados não é tarefa fácil». O presidente dos Voluntários Egitanienses defendeu ainda que, em relação à sua primeira intervenção feita como presidente da direção no ano passado, «nada mudou na atitude de total afastamento e abandono da Câmara da Guarda» para com a associação. O dirigente lamentou que «as exposições apresentadas, os relatórios entregues, a correspondência expedida pela direção ao longo do último ano» não tenham sido «suficientes para persuadir a Câmara a mudar a sua posição». Num tom bastante crítico, o responsável afirmou que o município da Guarda será dos «únicos do país» que «não atribui qualquer verba às associações de bombeiros existentes no concelho há dois anos».
Do mesmo modo, a associação aniversariante queixa-se de ter sido «excluída» pela autarquia da atribuição de verbas do PAEL – Programa de Apoio à Economia Local, «ao contrário das outras associações do concelho, nunca tendo sido oficialmente explicadas as razões de tal atitude discriminatória apesar de solicitadas pela direção por diversas ocasiões». De resto, dada a proximidade das autárquicas, Luís Borges manifestou vontade de que o próximo executivo tenha «uma perceção distinta» sobre este assunto. Presente na cerimónia, o vice-presidente da Câmara ficou visivelmente incomodado com as críticas, tanto que no final da cerimónia afirmou aos jornalistas que aquele não era o «dia ideal para se abordarem determinados assuntos». Vítor Santos salientou que a Câmara nutre «gratidão, respeito e consideração» pelo corpo de bombeiros da cidade e «por toda a sua estrutura», explicando que a autarquia «assumiu, e assume a dívida que tem, de cerca de 155 mil euros [relativo aos anos de 2011 e 2010], e está a regularizar esse valor», sendo que, na sua opinião, «não é uma boa gestão, em paralelo, criar novos compromissos e novas responsabilidades para o futuro».
Na sua intervenção, Luís Borges salientou que Miguel Macedo era o primeiro ministro a visitar o quartel dos voluntários da Guarda desde 1990. O governante mostrou-se «honrado» pela visita a umas «excelentes instalações» que lhe aprofundaram a «convicção» de estar perante uma associação «de boas contas, que faz as coisas a sério e com rigor». O ministro da Administração Interna sustentou que o Governo tem uma «enorme dívida de gratidão para com os bombeiros» cujo trabalho é «absolutamente inestimável». Neste sentido, considerou o reconhecimento feito aos Bombeiros da Guarda «absolutamente justo» por 137 anos de «entrega à comunidade, de serviço aos concidadãos e de salvaguarda de pessoas e de bens». Também presente na cerimónia, Jaime Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, defendeu que «os bombeiros portugueses são dos melhores do mundo a todos os níveis».
Veículo multifuncional custa 295 mil euros
No domingo, a Associação Humanitária atribuiu o nome do comandante operacional distrital, António Fonseca, à sua mais recente viatura, um veículo urbano de combate a incêndios. Na sessão solene de comemoração do aniversário foi assinado o contrato de aquisição de um veículo multifuncional, cujo custo será de 295 mil euros, mas onde a instituição não terá que despender «qualquer verba própria», estando o seu financiamento garantido através de uma candidatura já aprovada pelo QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional. Já a contrapartida nacional é garantida por um subsídio concedido pelo Governo Civil da Guarda, cujo montante se mantém cativo para esse propósito. Esta viatura apresenta uma uma conceção «pioneira» em Portugal, podendo operar «sempre que necessário» como veículo limpa-neves, concluindo-se deste modo um processo iniciado em 2010 sob o patrocínio do então governador civil Santinho Pacheco». Luís Borges salientou que este equipamento «vem colmatar uma carências tantas vezes sentida pela população do concelho da Guarda», sendo «colocado à disposição da Câmara mediante protocolo a celebrar».
Ricardo Cordeiro