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Bombeiros da Guarda vendem terreno para pagar dívidas

Hospital da Guarda pagou esta semana um mês dos seis em atraso

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Guarda vai vender em hasta pública um lote de terreno destinado a construção urbana com 1.200 metros quadrados, situado junto ao antigo quartel, e avaliado em mais de 900 mil euros. Esta deliberação foi tomada na semana passada, em Assembleia-Geral, e como meio de reequilibrar as contas daquela associação que está a atravessar «uma situação económica muito difícil», revela Álvaro Guerreiro, presidente da colectividade. Caso não apareçam compradores para o terreno, os bombeiros vão ter que «recorrer a um crédito bancário», adianta ainda.

Em causa está o atraso de cerca de seis meses no pagamento de serviços prestados aos Hospitais da Universidade de Coimbra e de Sousa Martins, na Guarda, que ascendem a cem mil euros. «Mas o grosso do montante pertence ao Hospital da Guarda», sublinha Álvaro Guerreiro. Contudo, desde que a falta de pagamentos foi exposta na praça-pública «já foi pago um mês em atraso, mas, infelizmente, o de menor volume», revela o dirigente, apesar de ainda não saber precisar como se encontram, agora, os cofres da Associação. Assegura, no entanto, que a situação é incomportável para uma associação que tem «diversas despesas» com as viaturas, combustíveis, consumíveis e ordenados. Para além de que, neste momento, «a situação é muito grave perante os próprios fornecedores, a quem já não se pode pedir mais paciência pelo atraso», refere Álvaro Guerreiro. Por isso, parte dos 900 mil euros do terreno servirão para adiantar pagamentos aos fornecedores, garante, e vão servir para «equilibrar as contas». O problema é que os Voluntários vêem-se obrigados a recorrer ao património próprio para saldar dívidas que por causa de serviços prestados a terceiros. A situação podia estar equilibrada «se estivéssemos a ser pagos atempadamente pelos nossos serviços», recorda Álvaro Guerreiro, que lamenta que o património da associação humanitária sirva agora para suportar «as dívidas que deviam ser pagas pelo Estado».

Entretanto, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Mário Patinha Antão, em visita recente à Guarda, adiantou que o Governo já encontrou a solução para esta e outras situações do género. «A resolução passa por um orçamento rectificativo para 2004 que prevê verbas muito avultadas para que o Estado possa pagar, na Saúde e não só, as suas dívidas atrasadas, basta que sejam comprovadas», adiantou o governante. Mas enquanto não há esse fundo, a associação vai ter que vender o seu património que, aliás, já está em hasta pública. Segundo o edital publicado, a construção a erigir no terreno deverá cumprir algumas especificações, ser, nomeadamente, um edifício de oito pisos e com uma área de construção total de quase 9 mil metros quadrado, seis mil dos quais destinados a estacionamento e outros 3 mil para comércios e serviços. O terreno permite a criação de 200 lugares de estacionamento na estrutura edificada. Os interessados devem indicar um valor para arrematação do imóvel igual ou superior à base de licitação, que é cerca de 900 mil euros. A praça realizar-se-á no Salão Nobre do edifício da Associação Humanitária, no dia 24 de Novembro, pelas 21 horas.

Patrícia Correia

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