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Boas viagens em 2018…

Vinha descansado na noite invernosa e adentro compilei as linhas que vos anuncio descritas, em especial, com a animação que lá fora primava naquela via de comunicação.

Sim, as viagens na minha terra servem também uma boa oportunidade para reflexões…

No caso, em causa, a via é bem mais auspiciosa à fértil invenção humana do que o próprio conceito de viagem sempre aliado fecundo das melhores imagens descritas no superior português para mestres ou afortunados escritores da língua-pátria.

O provocatório estado da via denota o quê? Ausência de recursos, manifesto desinteresse dos responsáveis, desprezo pelos que a necessitam de utilizar, laboratório para novas experiências rodoviárias…

Ainda absorto nas difíceis respostas fui caminhando ao destino mas não sem antes renovar quase que as mesmas questões quando noutra via já tinha entrado…

Afinal tanto nos vendem a(s) centralidade(s) de alguma(s) cidade(s), explicam-nos a sua mais valia, até nos comunicam a sua hipotética assunção de capital regional… Bem sei, e concordo, que o debate, ao revés, do sítio da capital é iludir o principal dessa boa conversa da reorganização territorial entretanto, como que por artes mágico-politicas, fechada com as forças da lusa-natureza noutras novas entidades territoriais à cata do seu atestado de existência.

Há ainda resquícios de fogachos, de labaredas e muita cinza que o vento leva e o tempo depois devolve.

Afinal a estrada que me conduz é bem mais forte do que aqueles que supõem ser capazes de a conduzir.

Continuando esmagado na busca da resposta para o pesaroso negro que invade a viagem apercebo-me do prenúncio do fim da mesma via mas eis que, garroteando ainda mais o nó da admiração, revejo-me perto do destino e já numa melhor via de quando em vez marcada… Realmente, a demarcação ideológica que o cenário geringoçado nos antecipa é a melhor comparação com a coloração que persiste em acompanhar-me.

É inexorável a força das bordaduras ideológicas que, tendo marcado ou não, umas certas margens, fazem hoje, apenas, parte do caudal. E é com o caudal que mais se aparecem agora. A implacável atração do poder faz o resto.

Sorrio pois à brincadeira da alternatividade das marcações rodoviárias. Desconhecia de todo esta nova estratégia de comunicação dos responsáveis com os incautos responsabilizados.

Felizmente que o nevoeiro vai-se dissipando e nesse brinde da natureza vai-se também compreendendo a exiguidade tamanha dos recursos que nem permite à República suplantar a Monarquia no que à ligação ferroviária com a capital da Beira-Baixa diz respeito. De tantas vezes propalada resta-nos a certeza que, agora, a coisa seguirá em definitivo até que o comboio apite…

Engraçado! O senhor diretor de O INTERIOR tinha-me pedido algo bem mais substantivo para o ano de 2018 e eu apenas falo de vias de comunicação. É até escabroso relatar assim a resposta ao suscitado após tantos e tantos milhões investidos.

Mas, meu caro diretor, é pelas viagens que devemos continuar ver associadas à nossa existência nestas boas paragens. Vão sendo cada vez mais necessárias.

E, por cá, é bom saber, por exemplo, que temos bons meios de comunicação social mesmo com alguns entorses sempre convidativos a grandes debates mais ou menos entediantes.

É bom saber que apesar de menos pessoas, ainda assim vamos tendo capacidade empresarial, alguma inovação e bons casamentos entre os recursos e a oportunidade económica. E é por aí a viagem do desenvolvimento.

É bom olharmos e perceber a melhoria das condições da urbanidade onde nos inserimos no dia-a-dia.

É bom saber que a nossa cidade e algumas cidades vizinhas estão mais convidativas e preocupam-se com a sua promoção com a sua/nossa boa vista.

Bem-haja, pois, senhor diretor pela oportunidade de, consigo, formular e desejar que, como sempre fazemos e pensamos, a viagem de 2018 possa ser mais acutilante do que aquela que foi a de 2017 mesmo com o frenesim festivo que sempre traz uma campanha político-partidária.

João Prata*

* Presidente da Junta de Freguesia da Guarda

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