Pela primeira vez, o Bloco de Esquerda vai concorrer com uma lista de candidatos às Câmaras da Covilhã e de Belmonte nas eleições autárquicas de 9 de Outubro. Ana Monteiro, 37 anos e professora do Ensino Secundário, será a cabeça de lista do BE à Câmara da Covilhã, enquanto que o empresário Joaquim Silva será o candidato à Assembleia Municipal.
Os candidatos foram apresentados no último sábado no jardim público da cidade, na presença do deputado na Assembleia da República, Luís Fazenda, e não pouparam críticas à actual maioria liderada por Carlos Pinto. Os candidatos chegaram a acusar o actual executivo de exercer um «poder local autoritário», tendo Ana Monteiro comparado o concelho à «Madeira de Alberto João Jardim». No seu entender, o poder local tem vindo a provocar «medos, terrores e pressões» nos cidadãos, garantindo mesmo haver «ameaças» a quem se opõe. E dá o exemplo das «dificuldades» que enfrentou para formar a lista.
Opinião semelhante tem Joaquim Silva, para quem a democracia no concelho covilhanense «está doente», explicando que as pessoas têm medo de pertencer à lista do BE porque acham que «podem perder o subsídio para a sua associação ou clube». Para o candidato à Assembleia Municipal, Carlos Pinto já está há muito tempo no poder, o que o levou a exercer um «poder local autoritário» e «a perder» a capacidade de relacionamento com as pessoas. «É necessário que a democracia volte a estar no seio do debate. É necessário que os covilhanenses percebam que têm o direito de dizer que sim, mas também de dizer que não», esclareceu.
Entre as críticas, está ainda a falta de investimento do executivo na cultura, economia e educação. Neste campo, Ana Monteiro apontou como exemplo os custos elevados do ensino pré-escolar, a degradação das escolas e do equipamento. A cabeça de lista criticou também a «anarquia do betão» levada a cabo pelo executivo, a privatização do saneamento e a ausência das barragens para resolver os problemas de água do concelho. A construção do casino que Carlos Pinto pretende levar avante foi outro dos reparos da candidata: «A nossa população não quer um casino, quer emprego e uma serra que continue a ser património de todos», disse.
Para o deputado e líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, a constituição desta lista é «um acto de coragem política e cívica», aproveitando para criticar o PSD por ter provocado o adiamento da limitação de mandatos para 2013 e permitir mais um «fôlego» aos «dinossauros» políticos. A Belmonte, o BE também apresenta uma mulher, a empresária Áurea Augusto, de 52 anos. Por definir está o candidato à Assembleia Municipal. Em Castelo Branco, a lista será liderada por Paula Nogueira.
