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Biocombustíveis: A oportunidade ecológica

mitocôndrias e quasares

Com o aumento do preço do barril do petróleo para valores históricos, os países não produtores de combustíveis fósseis, com especial destaque para a União Europeia, procuram alternativas para diminuir esta dependência energética.

Neste sentido, a União Europeia está decidida em promover o consumo e a produção de biocombustíveis. Segundo uma Directiva do Parlamento Europeu, cada Estado-membro deve tomar medidas e estabelecer planos nacionais, de forma a garantir a incorporação de 2% de biocombustível em toda a gasolina e gasóleo até Dezembro deste ano. Este valor deverá aumentar para 5,75% até 2010. A par desta directiva, a isenção de imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) para os combustíveis renováveis, é outra forma de atingir estes objectivos.

Os biocombustíveis são combustíveis provenientes de fontes renováveis, ao contrário da gasolina e do gasóleo que derivam do petróleo, uma fonte de energia esgotável. De entre os vários biocombustíveis destacam-se os ésteres metílicos de óleos vegetais vulgarmente designados biodiesel.

Este biocombustível é obtido a partir de óleos vegetais, como o óleo de soja, óleo de colza ou mesmo dos óleos alimentares usados. Pode ser utilizado directamente como combustível para meios de transporte ou misturado com gasóleo.

A utilização de óleos vegetais como combustível não constitui propriamente uma novidade, uma vez que Rudolf Diesel ao projectar o seu primeiro motor, em 1826, testou-o com petróleo, álcool e, em 1900, com óleos vegetais. No entanto, naquela altura, esta alternativa era mais dispendiosa face ao derivado do petróleo existente.

Estudos recentes indicam que a utilização de biodiesel resulta não só em ganhos ambientais, mas também em ganhos económicos.

A utilização desta tecnologia constitui um enorme avanço em termos ambientais, na medida em que reduz a emissão de partículas e gases nocivos para a atmosfera e permite a reutilização e recuperação de resíduos, em especial óleos alimentares usados, que vulgarmente são despejados nos esgotos.

Os motores Diesel, apesar de permitirem reduções no consumo de combustível e nas emissões de dióxido e monóxido de carbono, comparativamente aos motores a gasolina, emitem grande quantidade de partículas (fumos). Neste sentido o biodiesel pode ser utilizado como combustível para meios de transporte ou máquinas agrícolas com motores Diesel, misturado com gasóleo numa proporção entre 2% a 30% ou 100% puro. A utilização de ésteres, em vez de gasóleo origina uma redução de cerca de metade nas emissões de partículas. Este facto deriva da presença de oxigénio nas suas moléculas, o que irá contribuir para uma melhor combustão e consequente redução dos hidrocarbonetos não queimados. Mesmo quando os ésteres são usados em mistura com gasóleo, as emissões de partículas sofrem uma redução significativa.

Uma das principais vantagens do biodiesel é o facto da utilização deste biocombustível não requerer alterações nos sistemas de injecção dos motores a gasóleo, necessitando apenas de pequenos ajustes quando utilizado 100% puro, o que constitui ganhos económicos significativos, uma vez que não é necessário fazer alterações dispendiosas nos motores.

Marcas automóveis como Audi, Volkswagen, Peugeot, Mercedes, Volvo e BMW, já testaram e certificaram alguns dos seus modelos. Estas marcas verificaram que o arranque a frio é mais fácil com biodiesel do que com gasóleo sendo o funcionamento do motor mais silencioso.

Enquadrado numa política de desenvolvimento sustentável, o biodiesel poderá constituir, a curto prazo, uma alternativa aos combustíveis convencionais contribuindo, assim, de forma decisiva para a independência energética em relação aos combustíveis fósseis.

Por: António Costa

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