Na estação de caminhos-de-ferro de Vila Franca das Naves (Trancoso) os bilhetes deixaram de ser vendidos na tradicional bilheteira. Agora as pessoas entram nas carruagens e compram as passagens ao revisor, caso contrário, só os poderão adquirir na Internet ou numa caixa Multibanco. A medida, que apanhou de surpresa a população local, resulta de uma reestruturação da empresa, que prevê controlar os custos financeiros, medida que não surpreendeu Miguel Madeira, presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca das Naves, pois «já acontece noutras estações». Numa atitude economicista, os Caminhos-de-ferro Portugueses (CP) estão a encerrar as bilheteiras para dar lugar a máquinas, mas também é possível adquirir os bilhetes nos postos de Multibanco ou na Internet. «Só fiquei desagradado com a forma como a empresa encerrou o serviço e nem se quer informou os utentes. Devia ter havido um esclarecimento aos consumidores e um período de adaptação», considera. O utente não ficou privado do serviço, mas «devia ter sido avisado das alterações», reafirma. Mas vendo o lado bom da coisa, «agora as pessoas não estão em filas, sentam-se comodamente no comboio e esperam que o revisor lhes faça a venda do bilhete», ironiza o autarca. No entanto, «acho que é uma situação caricata», pois pode levar a que muitas pessoas viajem sem pagar, «mas esse é um custo que a CP vai ter que assumir». Quanto às máquinas, que ainda não chegaram, «não as vejo como um problema», diz o presidente da Junta de Freguesia, até porque as pessoas têm que se adaptar às novas tecnologias. Mais difícil tem sido o relacionamento com a CP ao longo destes anos, confessa Miguel Madeira, dando como exemplo a intervenção urbanística e paisagística que a Junta de Freguesia pretende desenvolver junto à Gare, que ainda não obteve consenso.