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Biblioteca itinerante estacionada

Serviço da autarquia guardense, com o apoio da Fundação Calouste Gulbekian, retoma a actividade a partir do próximo mês

O serviço da Biblioteca itinerante da Câmara Municipal da Guarda, com o apoio da Fundação da Calouste Gulbekian, está parado há quase dois meses. Tudo porque o funcionário sofreu um acidente e está de baixa médica. Os livros da carrinha vermelha só voltam a viajar no próximo mês. Por enquanto, a viatura está parada no estaleiro da autarquia.

Segundo António Oliveira, director da Biblioteca Municipal da Guarda, esta é uma situação temporária, pois «será rapidamente reactivado o serviço, no princípio de Maio». O funcionário já se encontra ao serviço da Biblioteca, mas ainda não tem condições físicas para guiar a viatura. Enquanto isso, os livros estão estacionados e as pessoas estão sem usufruir deste serviço.

A Biblioteca itinerante pertence à Câmara Municipal da Guarda desde 95, antes pertencia exclusivamente à Fundação Calouste Gulbenkian. Nessa altura foi feito um protocolo entre a autarquia e a Fundação. Desde então a autarquia herdou a viatura e todo o espólio. «Já está a funcionar há dez anos ininterruptamente», sublinha António Oliveira. Ao contrário do que acontecia quando pertencia à Calouste Gulbenkian, que andava de aldeia em aldeia e levava os livros aos mais recônditos lugares. Agora a “carrinha vermelha” tem percursos delineados e vai a todas as escolas primárias do concelho da Guarda. «Dando a oportunidade a todas as crianças de ler livros», frisa o responsável. No interior a realidade é diferente do resto do país e muitas crianças não tem a possibilidade de comprar livros, por isso «a biblioteca itinerante vem colmatar essa lacuna», confia. Hoje em dia os livros já não são aqueles objectos raros que as pessoas iam buscar às “fourgonnettes” cinzas de marca Citrõen. Mas apesar das várias bibliotecas e livrarias, «ainda continua a fazer todo o sentido este serviço», garante o director. Neste momento estão previstos 20 itinerários, «o que dá vinte dias úteis, logo as localidades são visitadas uma vez por mês», contabiliza o responsável.

Para Nelson Neves, o único funcionário da biblioteca itinerante, esta paragem forçada não vai quebrar a rotina daqueles que habitualmente recorrem a este serviço, até porque «nas férias também não há», constata. Nos dias normais, a biblioteca itinerante faz os percursos previstos, só da parte de manhã, assim visita várias localidades e diversas escolas do Ensino Básico. «Onde costumam levar mais livros é nas escolas onde há mais crianças, como no Rochoso, Outeiro ou Sequeira», sublinha o funcionário. Os livros mais solicitados talvez sejam «os de literatura juvenil, a banda desenhada e as histórias» diz de cor e salteado Nelson Neves. Em média cada criança leva dois ou três livros, «mas podem levar até cinco», acrescenta. Depois há também uma aldeia, onde a escola fechou há algum tempo por falta de crianças, e que por isso são os populares, na sua maioria idosos, que requisitam livros, em Vila Soeiro. E ainda há um dia por mês que os livros vão até ao estabelecimento prisional.

Este serviço foi criado há 48 anos pela Calouste Gulbenkian, sob a orientação de Branquinho da Fonseca, e tinha como objectivos essenciais desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível mental e cultural dos cidadãos, baseava-se no livre acesso às estantes, empréstimo domiciliário e gratuitidade de serviços. Princípios que ainda hoje regem o serviço das Bibliotecas itinerantes espalhadas pelo país.

Patrícia Correia

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