Beyoncé voltou em abril deste ano com “Lemonade”, caracterizado como «um projeto concetual baseado na jornada de autoconhecimento e cura de cada mulher». Este trabalho contém uma mistura de géneros musicais, podendo dizer-se que é algo completamente diferente do que a artista costuma fazer.
Baseado no conceito de infidelidade e nas dificuldades que a mulher negra passa na sua vida, a artista utiliza este álbum para partilhar com o mundo a sua história e essas mesmas dificuldades, bem como o quão é difícil ultrapassar uma traição. “Lemonade” leva-nos numa viagem entre o passado e o futuro e está dividido em seis partes. A primeira, “Intuição Feminina”, é constituída por um prólogo que corresponde à música “Pray You Catch Me”: calma, triste e ao mesmo tempo “sexy”. O ambiente que nos transmite muda à medida que ouvimos a música seguinte, “Hold up”, uma canção animada, mas cuja letra é baseadas em ódio e raiva.
A parte seguinte, “Confiança”, começa com “Don’t Hurt Youself” e traz consigo a participação de Jack White. As letras possuem um conjunto de emoções contraditórias. A cantora fala também, inspirada por Malcom X, da raiva e insistência que as pessoas brancas não estão a fazer o suficiente para acabar com o racismo.
A terceira parte, “Aceitação” começa com um tema intitulado “Sorry”, que nos leva à fase de pós-separação. A quarta parte, “Entre Gerações”, tem início com “Daddy Lessons”, que fala sobre a perceção de que há algo sobre as relações entre homens e mulheres, sobre infidelidade, e acerca da maneira como os homens se sentem em relação às suas filhas, que não se traduz para qualquer relação amorosa com as esposas ou amantes.
“Lemonade” muda de direção na quinta parte, “Arrependimento”, graças à música “Sandcastles”, uma balada muito emocional e crua onde Beyoncé pede desculpa por se ter afastado. A última parte do álbum inicia-se com o tema “All Night” onde todas as questões levantadas são finalmente respondidas.
“Lemonade” foi um dos melhores trabalhos que a artista já conseguiu trazer para o mundo. Um álbum cuja natureza é chocante e relacionável. Ele une as pessoas através da partilha de experiências, da autonomia e da autorrealização.
Susana Nevado*
* A autora começa nesta edição uma colaboração mensal com O INTERIOR. Natural de Vila Nova de Foz Côa, Susana Nevado tem 18 anos e frequenta o primeiro ano de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho (Braga). Estudou música e integrou duas bandas locais como vocalista e guitarrista.