Desde 1982 que Portugal tem um índice sintético de fecundidade inferior ao nível mínimo (2,1) avaliado pelos especialistas como “suficiente” para as gerações subsistirem. Apenas o concelho de Lisboa supera esse valor, apresentando um índice de fecundidade correspondente a 2,2.
Por incrível que pareça, à capital segue-se Belmonte, um concelho típico beirão. A terra natal de Pedro Álvares Cabral apresenta um índice sintético de fecundidade de 1,93. Contrariamente, os restantes concelhos desta região têm um índice de fecundidade muito baixo, sendo que em quase todos as mulheres têm em média menos de um filho ao longo da vida. Este bom resultado obtido pelo município de Belmonte deve-se, em parte, aos apoios que a Câmara Municipal tem vindo a implementar para incentivar as famílias a terem mais filhos. “Nascer no concelho de Belmonte” é uma das medidas adotadas pela autarquia e que consiste na atribuição de um subsídio, no valor de 100 euros, por cada nascimento.
De acordo com António Dias Rocha, a edilidade dá ainda apoio às famílias «para o primeiro enxoval», sendo que esta ajuda é atribuída numa prestação única e existem três escalões de acordo com os rendimentos das famílias «em termos fiscais e sociais»: «Ao primeiro escalão, onde se encontram as famílias mais desfavorecidas, é atribuído um apoio de 750 euros; ao segundo de 500 e ao terceiro de 250», elenca o autarca. Além dos apoios à infância e às famílias, Dias Rocha avançou que o município também se encarrega de auxiliar no pagamento de água e eletricidade, na aquisição de medicamentos e nas despesas com a saúde, e no apoio de despesas relacionadas com ligações de ramais de água e saneamento. «Na verdade, eu espero que estes apoios sirvam de incentivo às famílias para terem mais crianças», sublinha o edil belmontense.
Para António Dias Rocha, as famílias estão a apostar em ter mais filhos por se sentirem «mais seguras» e por terem noção de que há «o mínimo de condições para criar e educar os seus filhos aqui no concelho de Belmonte». Quanto ao futuro, o autarca espera que este valor se mantenha ou que possa vir a subir, sublinhando que se isso acontecer «é sinal que as famílias continuam a acreditar nas potencialidades» do concelho. O presidente da Câmara considera ainda que este valor demonstra o «desenvolvimento, progresso e bem-estar da população», fazendo com que os membros do executivo fiquem «satisfeitos e otimistas em relação ao futuro». Embora as medidas de apoio tomadas pela autarquia sejam fundamentais, o edil reforça que também é necessário impulsionar o «empreendedorismo, incentivar novas empresas a instalar-se na região e criar novos postos de trabalho», para com isso combater a desertificação e fazer com que «as famílias fiquem mais confiantes».
«Temos de acreditar que conseguimos desenvolver, crescer, criar emprego e com isso fortalecer a confiança das famílias, para que acreditem que vale a pena apostar no futuro das suas terras», salienta Dias Rocha. No lado oposto, no “pior lugar” da tabela de índice sintético de fecundidade da região encontra-se um concelho do distrito da Guarda: Pinhel.
Índice sintético de fecundidade nos concelhos da região
• Belmonte – 1,93
• Mêda – 1,54
• Sabugal – 1,25
• Guarda – 1,20
• Castelo Branco – 1,21
• Seia – 1,18
• Vila Nova de Foz Côa – 1,15
• Covilhã – 1,13
• Fig. de Castelo Rodrigo – 1,07
• Fundão – 1,07
• Trancoso – 1,09
• Fornos de Algodres – 1,00
• Celorico da Beira – 0,96
• Aguiar da Beira -0,88
• Gouveia – 0,88
• Almeida – 0,85
• Manteigas – 0,84
• Pinhel – 0,77
Sara Guterres