À semelhança do ano transacto, com cinco participantes, o distrito da Guarda volta a deter o maior contingente luso na XXª edição da Shell Eco-Marathon com a presença de 15 equipas nacionais e cerca de cinco mil jovens de todo o mundo. O outro representante da Beira Interior na competição francesa, cuja principal finalidade é percorrer a maior distância possível com um litro de combustível, é o Ubicar 2k4 da Universidade da Beira Interior.
Os representantes do distrito da Guarda na Shell Eco-Marathon são o “Egiecocar 3” e o “Solareco”, ambos do Instituto Politécnico da Guarda, a “Geuaninha DR4”, do Externato Secundário do Soito (ver texto ao lado), o “Hermes” e o “Abraço”, da Escola Secundária da Sé (Guarda). Jorge Gregório, coordenador das formações do IPG, realça que o “Solareco” é o «primeiro carro feito em Portugal a correr só com energia solar», considerando que estes projectos de cariz tecnológico servem «para mostrar que somos capazes de fazer tão bem ou melhor que os outros». Este protótipo, que faz o seu “baptismo” na prova francesa, vai concorrer na categoria de energias alternativas, mas a equipa de cinco alunos do 5.º ano do curso de Engenharia Mecânica ainda desconhece o modo como a organização vai medir os consumos, indica Gregório. «Dependente» do tempo que se fizer sentir em França, o docente sublinha que um dos objectivos é testar o “know-how” da parte eléctrica de forma a «garantir» a concepção de um carro «mais competitivo no futuro», até porque este veículo foi feito em poucas semanas. Quanto ao “Egiecocar 3″, a concorrer na categoria dos protótipos convencionais, é uma versão «mais evoluída» e é tido como um «”Fórmula 1″ dos anos 90» quando comparado com o seu antecessor, um «”Fórmula 1” dos anos 50». O “Egiecocar 3” é um carro “monocoque” em que o chassis faz «parte integrante da estrutura do carro», sendo ainda mais leve que o seu antecessor, ao mesmo tempo que se conseguiu «aumentar substancialmente a rigidez do carro», o que é «importante» tendo em conta os «problemas» surgidos em 2003.
Ultrapassar barreira psicológica dos mil quilómetros
No ano passado, o carro do IPG ficou-se pelos 676 quilómetros, contra os 944 feitos em 2002, mas Jorge Gregório acredita que é desta vez que a barreira do milhar de quilómetros poderá ser batida, embora não seja uma prioridade: «Eventualmente, poderemos chegar aos mil quilómetros, mas a nossa grande meta é pôr o “Egiecocar 3” a rolar bem para ficarmos com uma boa base de trabalho para no futuro se instalar a injecção electrónica», adianta. Quanto ao Ubicar 2k4, da UBI, foi alvo de várias modificações ao nível da aceleração e do aumento de rotação do motor que, segundo Francisco Proença Brójo, docente no Departamento de Engenharia Electromecânica, garantem condições para se poder ambicionar «ultrapassar a barreira psicológica» dos mil quilómetros. Desta forma, um cenário semelhante ao verificado no ano transacto, em que o carro da UBI não chegou a classificar-se devido ao surgimento de vários problemas mecânicos, «não se coloca». Quem adiou a sua primeira participação para o ano que vem foi a ESTEBI – Escola Tecnológica da Beira Interior, uma vez que os seus responsáveis preferem apostar em 2005 «para termos a certeza de que a participação vai ser boa», indica Luís Nunes.
Recorde-se que no ano passado, as equipas portuguesas foram penalizadas por algumas alterações verificadas no regulamento – o número de voltas aumentou de seis para sete e a velocidade média de 25 para 30 km/h. Um dos truques desta prova, que conta com o patrocínio da Comunidade Europeia, passa por acelerar o veículo e ganhar balanço em determinados pontos do terreno, para depois fazer parar o motor e poupar combustível. O patrocínio da CE tem a ver com o facto de se tratar de uma iniciativa que visa, sobretudo, a economia de combustível, a preservação do ambiente, os avanços tecnológicos e do design nos veículos em competição.
Ricardo Cordeiro