É hábito dizer que as Beiras ou “Interior” do nosso país é pobre, mas a oferta de 125 gramas de cerejas, numa atraente embalagem comercial, distribuída por esse mundo fora faz conhecer a generosidade de um país, a sua região e as suas gentes.
É certo, conforme noticiou este jornal, a 25 de Maio último, que se vão distribuir cinco toneladas de cerejas, mas isso não é nada para a abundância da Cova da Beira. Já o fizeram em 2004! Mas de certeza absoluta que essa modesta distribuição trará para Portugal lucros distribuídos por várias áreas. Podiam também aproveitar e mostrar cerejas em frascos de doce, com embalagem típica de verga feita pela técnica dos cesteiros de Alcongosta. O Fundão foi sempre uma zona de boa fruta, basta olhar para a sua bandeira municipal, para não falar dos extraordinários pêssegos de polpa vermelha, as pêras sumarentas e de grande tamanho e as saborosas chirivias (xirovia).
Além da fruta, o Fundão tem produtos que estão adormecidos e necessitavam de sair, como o bolo de azeite aromatizado com erva doce, base excelente de uma fina fatia de queijo picante da Orca, para acompanhar uma boa xícara de chá. Tinha também uns deliciosos biscoitos. Na Aldeia de Joanes havia umas cavacas e umas farinheiras de deliciar qualquer mortal. Este exemplo que o Fundão está a dar deve ser copiado por todas as regiões, pobres ou não, para que façam ressuscitar tudo o que está esquecido e que possa dar lucro. Bem necessitamos.
Por isso lá está a A23 pronta a levar e trazer produtos. Não são só os senhores das OPA’s que gostam de ganhar dinheiro, os pobres também. Basta querer!
António Nascimento, Guarda
