A construção do aproveitamento hidroeléctrico de Girabolhos, no rio Mondego, recebeu luz verde do Ministério do Ambiente. Contudo, a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, a que O INTERIOR teve acesso, está condicionada à compensação da perda de biodiversidade e a um plano de monitorização de desenvolvimento regional.
O empreendimento da Endesa representa o maior investimento alguma vez realizado no concelho de Seia, cerca de 357 milhões de euros, e a criação de 6 mil postos de trabalho durante a fase de construção, mil dos quais directos. O projecto, integrado no Plano Nacional de Barragens, vai desenvolver-se num vale cavado do Mondego e prevê duas centrais hidroeléctricas situadas em série. A sua conclusão está prevista para o segundo semestre de 2015. De acordo com a DIA, serão necessárias acções de «minimização e compensação dos impactes», nomeadamente a «fragmentação das populações» de espécies existentes no rio, como bivalves, toupeira-de-água, lontra e lagarto-de-água. A abertura de corredores de passagem entre ribeiras, o restauro da vegetação ribeirinha são outras exigências do ministério do Ambiente, que também impõe a recuperação das estradas afectadas e acções de preservação e valorização da paisagem cultural e patrimonial.
Deverá ainda ser criada uma Agência de Desenvolvimento Regional que zelará pela «contribuição efectiva da obra no incremento da qualidade de vida e da actividade económica» das populações afectadas, nomeadamente em termos da criação de emprego e do investimento público. O turismo, a agricultura e o artesanato são as áreas sugeridas. Este organismo deverá monitorizar de dois em dois anos as mudanças suscitadas e equacionar, consoante os resultados, novas medidas de «minimização e/ou compensação». A Endesa espera iniciar a empreitada até ao final deste ano. O complexo situa-se próximo da aldeia de Girabolhos, a 15 quilómetros de Seia, e será explorado pela eléctrica espanhola durante 65 anos. Os promotores estimam que produza 355 megawatts (MW) de electricidade, à ordem de cerca de 450 gigawatts/hora (GWh), o que equivale ao consumo anual de 150 mil famílias.
O sistema de funcionamento é de central reversível (Girabolhos) e de central convencional (Bogueira). Além de Seia, vai abranger os concelhos de Gouveia, Fornos de Algodres, Mangualde e Nelas.