A Banda Musical de Freixo de Numão celebrou recentemente 150 anos de existência. Com o nome de Banda Filarmónica, foi fundada por Luís de Castro Pereira, juntamente com outros residentes daquela freguesia do concelho de Vila Nova de Foz Côa em 1865. Atualmente, faz os possíveis para continuar e realiza cerca de 80 concertos por ano.
De acordo com Acácio Caeiro, atual presidente e maestro, ainda com o nome de Banda Filarmónica, António Joaquim Lobão deu seguimento ao projeto, tendo sido «determinante» para o seu funcionamento, pois «ensinou aos alunos da altura muito sobre música». Após alguns anos parada, a coletividade voltou ao ativo em 1930 com Guilherme Augusto Cunha, que se manteve enquanto dirigente até aos anos 50. Posteriormente, foi a vez de Joaquim Russo de Aguiar assumir a liderança, numa altura em que «a emigração e a guerra do Ultramar levaram à suspensão da banda devido à falta de alguns elementos», recorda o dirigente. A filarmónica de Freixo regressou em 1970 com José Augusto Figueiredo e a partir desse ano não teve mais contratempos. «Das sete bandas que existiam no concelho só permanecemos nós e temos sobrevivido com muito esforço. Construímos uma sede, a qual remodelámos há cerca de sete anos e agora temos, finalmente, um espaço digno com todas as condições para ensaiar», adianta Acácio Caeiro.
Além disso, «conseguimos adquirir três carrinhas de nove lugares para nos deslocarmos», acrescenta. A coletividade tem também a funcionar uma Escola de Música, que é frequentada por crianças e jovens. A desertificação da freguesia é um problema que afeta também a banda: «As pessoas vão todas para fora e temos de tentar aguentar-nos com o que temos», refere o maestro, acrescentando que dos elementos fazem parte «crianças e jovens que se mantêm na terra até ao 12º ano e alguns residentes reformados». No entanto, o responsável adianta que há mais instrumentistas nos meses de Verão porque «há pessoal que está fora e regressa na altura das férias». Acácio Caeiro confessa que, além da falta de gente, a dificuldade mais complicada que enfrenta a coletividade é a parte económica. «Temos algum apoio por parte da Câmara de Vila Nova de Foz Côa e vamos aguentando com o dinheiro dos eventos em que participamos», explica.
A banda faz cerca de 80 concertos em cada ano, sendo o Verão a época «mais alta», pois, «em agosto, temos eventos todos os fins-de-semana, no mês de julho rondam os 25 e durante o resto do ano tocamos cerca de 35 vezes». Em tempos difíceis, o maestro, que conta já com cerca de 60 anos, espera que «haja alguém que dê seguimento a este projeto» e deixa uma palavra de incentivo aos jovens do concelho para «aderirem à Escola de Música». No âmbito das comemorações do 150º aniversário, realizadas em julho passado, foi lançado o livro “Banda Musical de Freixo de Numão 150 anos ao serviço da cultura”, que contém todo o historial da coletividade.