O mundo eslavo está carregado desta lenda da bruxa vingativa que era irmã da madrasta de uma menina cujo pai enviuvou. A história tem muitas e elaboradas versões. Há Baba Yaga pornográfico em filme de 1973. Há uma Baba Yaga com desenhos fascinantes de Rebecca Dautremer. Há também um álbum de 2010 de Régis Loisel (grande nome da BD francófona). Há um grupo húngaro que fez um disco do mesmo nome: Baba Yaga onde a canção “so ends another day” fez sucesso. Baba Yaga é, pois, a personificação do mal e a mulher do papão. Alguém viu o papão? Mas assustamos os filhos com ele. Lá no leste, Baba Yaga assusta os meninos traquinas para lhes dar fronteiras. Parece pois que, independentemente dos lugares, o medo faz parte do processo educativo. Onde a baliza dos comportamentos não tem medos, a rebeldia converte-se em delinquência. Será? Um cromo numa escola excede-se mas não acredita no Pai Natal. Já provocou desacatos, desmandos, ameaças. Menos ainda, ele acredita no papão. Na aula grita e ameaça um colega. O professor empertiga-se e ele levanta a mão. O professor aplica-lhe um mandamento Baba Yaga ou um chapadão. Os pais protestam e o professor é expulso. Baba Yaga zangada defende o professor na justiça e a criança acaba expulsa também. Encontra-se numa universidade de crime entre mais crianças sem medo e sem fronteiras. Há um limite muito ténue que nos faz ultrapassar o bem e o mal. Este filme nunca acaba bem!
Por: Diogo Cabrita