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AVC aproxima hospitais da Guarda e Coimbra

ULS já faz parte do programa “Via Verde do AVC” monitorizado pelo CHUC e que permite agilizar o tratamento de um doente através de teleconsultas

Os utentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda estão agora mais perto do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC). As administrações das duas instituições assinaram dois protocolos de cooperação para as valências de Pediatria e Ortopedia na passada quinta-feira, dia em que a unidade guardense passou também a integrar o programa “Via Verde do AVC” (Acidente Vascular Cerebral), coordenado pelo Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC).

O Hospital Sousa Martins é o sétimo a aderir à “Vida Verde do AVC”, que recorre à telemedicina para que um doente vítima de AVC na Guarda seja acompanhado em tempo real por uma equipa médica em Coimbra. Sendo o AVC a maior causa de morte em Portugal, este programa único no país permite fazer a abordagem, encaminhamento, monitorização e tratamento do doente. Os exames realizados na Guarda são automaticamente disponibilizados numa plataforma informática a que ambos os hospitais têm acesso. Assim, as duas equipas podem analisar cada caso e, em conjunto, tomar uma decisão sobre os procedimentos a ter com o doente. Até aqui muitas vítimas de AVC eram transportadas para Coimbra «desnecessariamente», referem Luís Cunha e Gustava Cordeiro, os promotores de um projeto que dizem ser «vantajoso» não apenas para o Estado, «porque permite reduzir custos de deslocações desnecessárias», mas principalmente para o doente, que não é submetido a uma viagem e pode iniciar mais cedo o devido tratamento.

Nalguns casos o doente começa logo a fazer fibrinólise, e quando chega a Coimbra a situação é de «mais fácil resolução», afirma Luís Cunha. Desta forma é também possível reverter eventuais sequelas. A “Via Verde do AVC” foi aplicada em agosto do ano passado e até aqui já foi possível reduzir os números do transporte de doentes. Gustavo Cordeiro não tem dúvidas que ao longo deste ano «as consultas de telemedicina vão subir significativamente». Coordenado pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro e monitorizado pela Unidade de AVC do Serviço de Neurologia do CHUC, entre 1 de agosto de 2015 e 24 de janeiro de 2016 realizaram-se 79 teleconsultas.

Para o presidente do Conselho de Administração do CHUC, José Martins Nunes, esta é uma prova que «viver no interior não é uma inevitável fatalidade», pois os utentes da ULS Guarda passam a ter «acesso atempado às terapêuticas mais inovadoras e discussão em tempo real» entre as equipas médicas. Já o presidente do Conselho de Administração da ULS, Carlos Rodrigues, sublinhou que «não nos poupamos a esforços» para dar aos utentes melhores equipamentos, instalações e equipas.

E foi a pensar nos utentes que foram assinados mais dois protocolos na Pediatria e na Ortopedia, que permitirão «maiores e melhores acesso a cuidados de saúde», disse Carlos Rodrigues. Neste acordo está incluído, entre outras coisas, um contributo assistencial ao hospital da Guarda e à sua população, a formação internos, organização eventos científicos, cedência de tecidos para transplante e aloenxertos de tecido ósseo. A administração anunciou que outros acordos estão na calha e os próximos podem ser na Imagiologia e Oncologia.

Mudança do Conselho de Administração «ainda não está prevista»

O momento de assinatura de protocolos entre as duas instituições contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, que visitou o Hospital Sousa Martins. No final, Manuel Delgado dizia-se «muito bem impressionado» com a organização e as novas instalações da unidade, mas foi inevitável a comparação entre o edifício novo e o velho, com «instalações incomparavelmente piores», referiu o governante. Sem se comprometer, o secretário de Estado disse esperar que «em breve» a tutela tome «uma decisão que permita equilibrar e harmonizar o hospital em termos de instalações». O que pode mudar também ficou por explicar, mas a solução poderá passar por «introduzir valências no novo edifício», pois «não temos que ter mais hospital, podemos ter menos hospital mas melhor», justificou Manuel Delgado, aludindo às obras da segunda fase de modernização do Sousa Martins. Quanto a eventuais mudanças no Conselho de Administração da ULS, o governante declarou que «não está nada previsto», mas acrescentou que «alguma decisão será tomada muito posteriormente».

Ana Eugénia Inácio Secretário de Estado da Saúde visitou a ULS Guarda

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