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Avaliação de professores

Continuando a temática na ordem do dia e a gerar posicionamentos divergentes entre os diversos actores envolvidos, ocorreu-me fazer algumas considerações relativamente à avaliação de professores.

Os professores desejam a avaliação, mas desejam sobretudo que essa avaliação seja um momento de dignificação do acto educativo e do educador, enquanto pessoa e profissional!

Para que a avaliação seja direccionada nesse sentido é indispensável expurgá-la, não apenas de aspectos excessivamente burocráticos, mas, acima de tudo, de todo e qualquer mecanismo de natureza discricionária que possa conduzir à arbitrariedade, que permita situações de favorecimento pessoal associados à luta de poder existente nas escolas. A avaliação não pode ficar prisioneira dessas querelas e ser usada como instrumento gratificador ou penalizador dos docentes.

Nesse sentido, com ou sem objectivos individuais, com ou sem aulas assistidas, é fundamental encontrar uma fórmula que garanta que a avaliação dos professores é efectivamente um mecanismo de promoção da qualidade e do mérito, em prol de um ensino público de qualidade.

Para que tal aconteça, é necessário despir o processo avaliativo de critérios de subjectividade e dotá-lo de instrumentos que garantam total isenção.

Aqui surge a questão de quem vai avaliar os professores. Seria de todo interesse que a avaliação fosse levada a cabo, na minha perspectiva, por uma comissão constituída por um elemento especializado, externo à escola e nomeado pelo ME, uma elemento indicado pelo Conselho Pedagógico e um professor escolhido pelo docente avaliado e conhecedor do trabalho por este desenvolvido. Penso que assim estaria encontrada uma fórmula equilibrada com efectivas garantias de qualidade e isenção da avaliação dos professores.

Acrescento ainda, segundo me foi dado perceber, que no actual modelo simplificado, no item que respeita à formação contínua, o número de créditos e a natureza da formação adquirida não são tidos em consideração, relevando apenas, para efeitos de contabilidade final, a notação das respectivas acções de formação. Houve docentes, no período avaliativo que terminou, que apresentaram dois créditos com notação de 9,5 (numa escala de 0 a 10) e outros que fizeram a entrega de dezenas deles, obtidos a partir de formações que permitiram adquirir especializações ou mestrados em diversas áreas com ligação à área de formação do docente e que, apresentado notações de 16 (numa escala de 0 a 20), ficaram penalizados em relação aos primeiros. Isto não é sério. Também se verifica que alguns centros de formação acreditados atribuem notações muito elevadas aos seus formando. Como são definidos os critérios destas avaliações? Será apenas para garantir formandos?!

Havendo justiça no processo, haverá paz nas escolas!

Já agora, acabem com a “estória” da autonomia, que apenas serve de arma de arremesso para empurrar responsabilidades, sem nada acrescentar ao ensino de qualidade!

Henrique Monteiro, Guarda

Comentários dos nossos leitores
Manuel dos Santos marsantinho@sapo.pt
Comentário:
Uma vez mais, completamente de acordo, caro Henrique. Saberá, como eu sei, que Sócrates pretendeu acabar,de facto, com a avaliação pois o que tinha em mente, embora disfarçada de avaliação (para o ouvido da opinião pública) era impedir, a todo o custo, a progressão na carreira e tudo foi pensado e orientado nesse sentido. Também a nova ministra foi recrutada para, embora seguindo outro caminho,pois o anterior foi barrado pelos professores, chegar a um destino semelhante. As novas oportunidades, ou antes, as novas trafulhices, são bem a imagem de marca da “qualidade sócretina” no que ao ensino diz respeito. Um abraço.
 
António Fonseca fartinho@gmail.com
Comentário:
Os nossos “fantásticos” políticos não querem saber da avaliação para nada. Querem apenas cumprir dois objectivos: 1º redução dos salários dos professores; 2º aumento do sucesso estatístico. O resto é conversa para entreter os incautos!
 

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