As declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional (TC) dos 308 autarcas portugueses revelam que a maioria não é especialmente rica. Ainda assim, e segundo concluiu a edição da última segunda-feira do jornal “Público”, a maioria dos presidentes de Câmara não vive nada mal. Na região, destacam-se, sobretudo, os edis de Castelo Branco, Fundão, Fornos de Algodres e Gouveia.
No total, 11 autarcas declararam poupanças superiores a 500 mil euros. Isto sem contar com investimentos em empresas, imóveis e veículos. Ainda no topo da tabela, figuram 18 presidentes de Câmara que declararam, em 2007, rendimentos brutos para efeitos de IRS superiores a 100 mil euros, enquanto dois ultrapassaram mesmo os 200 mil.
Com um total de poupanças superior a 1,1 milhões de euros, o presidente de Câmara mais “abastado” é Armindo Costa (PSD), edil de Vila Nova de Famalicão e dono de oito empresas em Portugal, Brasil e Cabo Verde. Contudo, entre os 10 mais ricos – com montantes superiores a 500 mil euros – não figura nenhum edil da região, pelo menos a avaliar pelas contas a prazo e aplicações financeiras.
Já se o que for tido em conta forem os rendimentos declarados em sede de IRS (trabalho dependente e independente, rendimentos comerciais e industriais, agrícolas, de capitais, prediais, mais-valias, pensões e outros), quem ocupa o primeiro lugar do pódio é Fernando Reis, de Barcelos (PSD), médico e empresário de 59 anos e detentor de uma simpática “conta” da ordem dos 610 mil euros (relativos a 2005). Em segundo lugar figura o presidente da Câmara de Castelo Branco, Joaquim Morão (PS), bancário, 63 anos, que em 2005 declarou 179.533 euros de trabalho dependente e 43.264 euros de pensões.
Com rendimentos totais declarados entre os 100 e os 200 mil euros, os arquivos do TC permitem identificar (relativamente às últimas declarações entradas até Janeiro deste ano) os autarcas de Viseu (PSD), Fundão (PSD), Fornos de Algodres (PSD) e Gouveia (PSD).
O diário destaca, por outro lado, que 20 presidentes de Câmara declararam ao TC que são sócios de empresas de construção civil, projectos de planeamento, promoção imobiliária e compra e venda de propriedades. Sem contar os casos em que os edis cederam a familiares ou antigos sócios as quotas que possuíam em empresas desses ramos antes de assumirem as suas funções – como é o caso de Joaquim Valente, presidente da Câmara da Guarda – têm interesses relacionados com a construção um leque grande de autarcas, entre os quais o de Trancoso, Júlio Sarmento. Já no que diz respeito à área da Comunicação Social, o nome de João Mourato, da Mêda, aparece referido, por deter quotas numa empresa proprietária de uma rádio local.
Rosa Ramos