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Aumento das propinas «inevitável» no IPG

Estudantes contestam subida de 50 euros, argumentando que o Conselho Geral assumiu que o valor de 550 euros iria manter-se

O aumento do valor das propinas de 550 para 600 euros no Instituto Politécnico da Guarda(IPG) está longe de ser consensual. Enquanto o presidente da instituição, Jorge Mendes, garante que não havia outra solução, Sérgio Pinto, líder da Associação Académica da Guarda (AAG), não concorda com a decisão.

A AAG vê com «maus olhos» o aumento de 50 euros, uma vez que «no ano passado foi assumido um compromisso, por parte do Conselho Geral, de que as propinas iriam manter-se durante dois anos nos 550 euros». O presidente dos estudantes relembra que, na altura, a associação votou contra a proposta, embora reconhecesse que era uma solução «não tão trágica». Mas confrontados este ano com um novo aumento, tal como já tinha sucedido em 2005, os estudantes estranham que «as propinas continuem a subir enquanto não pagam as bolsas», lamenta Sérgio Pinto. «Essa é a nossa preocupação e iremos falar e actuar brevemente se não for resolvida. Para já estamos a ver o que ainda é possível fazer para contrariar esse acréscimo nas propinas», adianta o dirigente, reconhecendo que já será tarde para conseguirem «alguma solução pacífica. Por sua vez, o presidente do IPG garante que este aumento era «inevitável» e que se trata de «uma questão de necessidade», uma vez que as «dificuldades financeiras são muitas». Jorge Mendes considera que tem havido «um grande desinvestimento do Estado no ensino superior», pelo que as instituições são «obrigadas a aumentar as propinas».

Mesmo assim, sublinha que os 600 euros exigidos na Guarda estão «muito longe» do que outras instituições cobram. Quanto a saber se esta é a melhor solução para o Politécnico cativar mais alunos, o responsável sublinha que gostaria que o IPG tivesse a propina mínima, «mas para isso o Estado teria que financiar o ensino superior de outra forma». Ainda assim, recorda que a decisão «óbvia» do aumento das propinas foi tomada pelos directores das escolas. Apesar do aumento de 50 euros, o IPG tem as propinas mais baratas da Beira Interior. É que os seus “concorrentes” mais directos, os Politécnicos de Castelo Branco e Viseu cobram ambos o mesmo: 700 euros. No primeiro caso, trata-se de um aumento de quase 200 euros em relação à propina mínima, instituída até ao ano passado. Já na UBI, o montante a cobrar este ano será de 869,60 euros, um valor actualizado de acordo com a taxa de inflação.

Um mês de bolsas ainda por pagar

Apesar de já terem sido pagos dois dos três meses de bolsas de estudo em atraso, ainda não está posta de lado a possibilidade de haver alguma turbulência no arranque do ano lectivo no IPG. Tudo depende da decisão que a direcção da AAG tomar numa reunião a realizar esta semana. «Se for para caducar o início do ano lectivo iremos caducá-lo. Mas se for para esperar também esperamos, até porque não queremos denegrir a imagem do IPG, sabendo que vem aí uma segunda fase de candidaturas», afirma Sérgio Pinto. De resto, o dirigente estudantil acredita que a bolsa em atraso será paga por estes dias, dizendo que o administrador dos Serviços Sociais informou que «a partir de dia 20 [ontem] as bolsas iam ser todas pagas».

Ricardo Cordeiro

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